Correio Braziliense
postado em 12/06/2020 17:34
No dia em que os casais brasileiros celebram a união, o presidente Jair Bolsonaro não ficou de fora da comemoração. As homenagens em praça pública, no entanto, não foram prestadas pela primeira dama, Michelle Bolsonaro. Com apoio de um carro de som e com músicas românticas ao fundo, a declaração foi feita pelo novo companheiro que se intitulou de "amado Centrão", bloco informal do centro e direita.
A encenação, na verdade, foi um ato organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), que teve a ideia de usar a data para fazer uma crítica ao governo Bolsonaro, trazendo o tom de humor, tantas vezes defendido pelo presidentes quando, por exemplo, levou o humorista Carioca para responder questionamentos ao jornalista em nome dele.
Durante o ato eles pararam em frente ao Palácio do Planalto para recitar as frases. Apoiadores que estavam em frente à rampa do palácio se irritaram com o ato e chegaram a agredir os manifestantes com as astes das bandeiras que carregavam.
"O objetivo do ato é informar de maneira descontraída e direta que Bolsonaro não vem cumprindo a campanha dele. Vem fatiando e dividindo os ministérios com o Centrão, muito por uma questão política e isso tem que ser falado", explicou o coordenador do MBL/DF, Lucas Mendes.
O "casamento" de Bolsonaro com o Centrão se baseia em troca de apoio político para barrar um eventual processo de impeachment no Congresso, mas tal relação não é declarada pelo mandatário do país. Ele negou, por exemplo, que houve um acordo com o centrão após ter convidado o deputado federal Fabio Faria (PSD-RN) para o Ministério das Comunicações. A decisão de recriar a pasta e escalar o parlamentar foi publicada na quarta-feira (10), no Diário Oficial da União.
Os esforços do presidente em estreitar laços com o Centrão rendeu, também, a nomeação para um dos cargos de maior destaque no enfrentamento à pandemia. A parceria emplacou o professor e farmacêutico Arnaldo Correia de Medeiros como o novo secretário de Vigilância em Saúde do ministério da Saúde. O nome foi apresentado pelo líder do PL na Câmara, Wellington Roberto (PB) e aprovado pelo ministro interino, general Eduardo Pazuello.
Partidos como PL e PP também galgaram postos de chefia no Ministério da Educação e em órgãos responsáveis por obras públicas.
Este foi o primeiro ato público declarado do movimento declarado liberal que apoiou Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018, mas faz críticas contra o presidente e tem suscitado uma divisão da frente direita.
Na manhã de quarta-feira (10), uma primeira provocação foi feita pela atriz Cris Bernart, 33, membro do MBL, que criticou o presidente, dizendo que sentia que ele tinha traído o eleitorado e criticando a postura diante da crise de saúde pública. Ela foi acusada de "falar abobrinha". O MBL promete um pacote de atos contra a forma de condução do país pelo governo federal.
Confira, na íntegra, o poema recitado ao presidente Jair Bolsonaro, durante o ato:
Generosíssimo Bolsonaro,
Hoje é um dia muito especial para a gente,
Que merece uma declaração que não mente.
Achavam que A Aliança era pelo Brasil até então,
Mas acabou sendo comigo, seu amado Centrão.
Espero ganhar um presente caro para continuar ao seu lado,
Bem distante do seu gado,
Pois você é meu Bolsonamorado.
Estou com ciúmes!
Que apelidinhos carinhosos são esses que as pessoas te dão?
Bozonaro? É por causa das várias palhaçadas que você fez no governo, como o meu presente de 75 bilhões? (que pessoal murrinha, é só imprimir mais dinheiro)
BolsoAsno? Visto que você fez jumentices petistas? (desculpe o pleonasmo)
Bolsomito? Por ter sido uma grande promessa, mas que ficará esquecida como uma fracassada lenda?
BolsoNada? Só pela falta de virtudes?
É falta de Prudência ceder o fundão eleitoral de 3 bilhões para nossas campanhas em meio a uma pandemia?
É falta de Temperança desequilibrar os Poderes sancionando o juiz de garantias?
É falta de Justiça ceder cargos aos nossos companheiros parasitas incompetentes?
É falta de Fortaleza não se reerguer das besteiras feitas e recomeçar tomando ações corretas?
E daí, né?
Nesse dia dos namorados, um presentão eu quero ter.
Pois TODOS sabemos o quão generoso você pode ser,
(Se sua posição você quiser manter.)
Então é melhor Jair me bajulando.
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