Politica

Treze meses seguidos de desmatamento

Correio Braziliense
postado em 13/06/2020 04:11
Os maiores índices de derrubada foram no Pará: 829km² em maio
O desmatamento na Amazônia completou 13 meses consecutivos de avanço na devastação em relação aos mesmos meses do ano anterior. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), houve alertas de derrubada de vegetação nativa para 2.032 quilômetros quadrados (km²) de janeiro a maio, a maior área para o período desde 2015, quando teve início a série histórica. A área consumida é 34% maior do que a do mesmo período no ano passado (1.512km²) e 49% acima da média dos quatro anos anteriores (2016 a 2019), que foi de 1.363km².

Porém, o cenário de aumento do desmatamento piora quando considerados os primeiros 10 meses do calendário de monitoramento do sistema Projeto de Estimativa do Desflorestamento da Amazônia (Prodes) do Inpe. Entre agosto de 2019 e maio de 2020, a área arrasada foi de 6.499 km², aumento de 78% em comparação ao período anterior (agosto de 2018 a maio de 2019), quando foram desmatados 3.653km². Os quase 6,5 mil km² derrubados nesses últimos 10 meses contrastam com a média de 3,6 mil km² registrada no período desde o início da série histórica. Além disso, a apuração não inclui junho e julho, quando o desmatamento é historicamente mais alto.

A área sob alertas de agressão à mata nativa em maio de 2020 foi de 829km², a maior dos últimos cinco anos, 12% acima do registrado em maio de 2019 e o dobro de abril, quando foi de 407 km². Por estado, o maior desmatamento mensal foi no Pará, de 344km² dos 829km² registrados em maio, seguido do Amazonas (182km²) e do Mato Grosso (177km²). As Unidades de Conservação (UC) com maiores níveis de derrubadas entre janeiro e maio foram a Floresta Nacional do Jamanxim (21km²), a Área de Proteção Ambiental do Tapajós (9km²) e a Floresta Nacional de Altamira (8km²) — todas no Pará.

Catástrofe
O crescimento do desmatamento na Amazônia havia sido expressivo na última temporada. Os dados consolidados do Prodes/Inpe indicam que a área devastada em 2019 foi de 10,1 mil km². O valor corresponde à destruição realizada entre agosto de 2018 e julho de 2019, aumento de 34% em comparação ao período anterior (7.536km²).

De acordo com nota técnica publicada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a vegetação derrubada e não queimada desde o ano passado –– em uma área que pode superar 4,5 mil km² — deverá produzir queimadas intensas a partir deste mês. Segundo o organismo conservacionista, isso aumentaria os riscos de uma subida expressiva das internações por problemas respiratórios, pressionando ainda mais o sistema de saúde da região, que está fortemente impactado pela covid-19.

Procurado para comentar os dados divulgados, o Ministério do Meio Ambiente não se manifestou. Já o Ministério da Defesa, em nota, disse que a Operação Verde Brasil “em sua primeira fase, realizada de 2019, conteve 1.800 focos de incêndio, apreendeu 18,4 mil metros cúbicos de madeira extraída ilegalmente, confiscou mais de 200 veículos e efetuou 120 prisões”. E acrescentou: “A atuação das Forças Armadas foi determinante para a estabilização do índice de crescimento observado no último ano. Isso pode ser comprovado quando observamos que os meses com menores taxas foram alcançadas em outubro de 2019 (5,09%) e maio de 2020 (12%), período de atuação dos militares”. 



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