Um manifesto com assinaturas de altos oficiais da reserva das Forças Armadas, endereçado ao ministro Celso Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), é mais um ingrediente a acirrar a crise entre o Executivo e a Corte. O texto foi enviado, no sábado, ao magistrado que é relator do inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal para proteger os filhos.
A carta começa afirmando que não se entra nas Forças Armadas por “apadrinhamento”, uma crítica à indicação, pelo presidente da República, aos ministros que compõem à Suprema Corte. O texto também ataca a terminologia usada pelo Judiciário. “Nenhum Militar galga todos os postos da carreira porque fez uso de um palavreado enfadonho, supérfluo, verboso, ardiloso, como um bolodório de doutor de faculdade”. Também afirma que militares não recorrem à subjetividade para cumprir uma missão.
Em outro trecho, diz que militares não atingem o generalato ou postos mais elevados sem merecerem “o reconhecimento dos seus chefes, o respeito dos seus pares e a admiração dos seus subordinados”.
O texto dos oficiais da reserva exalta os militares ao mesmo tempo em que critica o Judiciário. Tem 109 assinaturas, dentre as quais de coronéis da Aeronáutica e do Exército, capitães de mar-e-guerra, vice-almirantes, brigadeiros, um tenente-coronel da Polícia Militar do Rio de Janeiro, além de professores, engenheiros e advogados.
A escalada de tensões subiu alguns degraus na última sexta, quando o ministro Luiz Fux concedeu liminar afirmando que as Forças Armadas não podem atuar como “poder moderador”, deixando claro que o artigo 142 da Constituição nada prevê a respeito. Em resposta, o presidente Jair Bolsonaro disse que “as Forças Armadas não cumprem ordens absurdas”. Ontem, voltou ao tema afirmando que as FAs “jamais aceitariam um julgamento político para destituir um presidente democraticamente eleito”.
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