Correio Braziliense
postado em 16/06/2020 15:09
Os advogados da extremista Sara Giromini, uma das líderes do grupo bolsonarista '300 do Brasil', entraram com habeas corpus no Supremo Tribunal Federal no fim da tarde desta segunda, 15, pedindo a liberdade imediata da militante. A Polícia Federal prendeu Sara na manhã do mesmo dia no âmbito do inquérito sobre a organização de atos antidemocráticos. Outras cinco lideranças do '300 do Brasil' - classificado como 'milícia armada' pelo Ministério Público do Distrito Federal - também foram alvos de ordens de prisão.Os advogados de Sara Giromini alegam 'ilegalidade' em seu decreto de prisão temporária, em razão de a bolsonarista não possuir foro de prerrogativa de função, 'cabendo à primeira instância da Justiça Federal a análise da medida a ser tomada'.
A defesa argumenta ainda 'ausência dos pressupostos da prisão temporária' e diz que não teve acesso aos autos. Após a prisão de Sara na manhã desta segunda, 16, uma das advogadas que assina o HC, Renata Tavares, afirmou que a bolsonarista 'foi vítima de uma prisão política'.
"A paciente é uma cidadã brasileira, que expressa sua opinião (e crime de opinião, ainda não é crime), não possui qualquer cargo ou função pública que a designasse para a aplicação de quaisquer atos ou murmúrios da Suprema Corte brasileira", dizem os defensores de Sara, que alegam ainda que ela é mãe.
O HC da defesa de Sara é um dos três que foram apresentados ao STF em benefício da bolsonarista. Um deles já foi distribuído para relatoria da ministra Carmen Lúcia.
A prisão temporária de Sara Giromini e outras cinco lideranças do grupo '300 do Brasil' foram decretadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a pedido do vice-procurador-geral da República Procuradoria-Geral da República Humberto Jacques de Medeiros.
Em nota, a PGR indicou que há indícios 'de que o grupo continua organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional'. O objetivo das prisões temporárias, com duração de cinco dias, 'é ouvir os investigados e reunir informações de como funciona o esquema criminoso', diz o Ministério Público Federal.
Ex-assessora de confiança da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, a bolsonarista também foi um dos alvos de busca na ofensiva da Polícia Federal no âmbito do inquérito das fake news. A operação mirou aliados do presidente Jair Bolsonaro suspeitos de integrarem um esquema de divulgação de notícias falsas.
Na ocasião, após a ação da PF, a extremista xingou e fez uma série de ameaças contra o ministro Alexandre de Moraes, além de chamado para trocar socos. Alexandre é relator da investigação sobre ameaças e ofensas a integrantes do Supremo e do inquérito sobre a organização e financiamento de atos antidemocráticos.
Sara está à frente de grupo bolsonarista que foi classificado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios como 'milícia armada' e esteve envolvido, nas últimas semanas, em diferentes atos contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. No Whatsapp, seus integrantes eram chamados de 'militares' que deveriam estar prontos para 'dar a vida pela sua nação'.
A bolsonarista liderou protesto do '300 do Brasil' pela Esplanada dos Ministérios em direção ao STF - ato que foi comparado por autoridades aos atos da Ku Klux Klan, grupo supremacista branco dos Estados Unidos - e também participou de invasão à cúpula do Congresso, após o acampamento do movimento bolsonarista ser desmontado, no último sábado, 13.
Depoimento
Após a sua prisão, Sara prestou depoimento à Polícia Federal nesta segunda, 15. Na ocasião, ela se recusou a responder o objetivo dos '300 pelo Brasil', mas disse que o grupo é voltado a 'desobediência civil e ações não violentas'.
A militante bolsonarista de extrema-direita também se recusou a responder o motivo que a levou a gravar o vídeo com ameaças ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF)
Saiba Mais
A extremista ainda negou ter participado do ataque com fogos contra o prédio do Supremo, no último sábado, e deu outra versão para o protesto que foi comparado aos atos da Ku Klux Klan, dizendo que o ato foi baseado em uma passagem bíblica.
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