Correio Braziliense
postado em 16/06/2020 18:26
Os membros da suprema corte demonstraram preocupação com os movimentos antidemocráticos e a atuação de terceiros para financiar e organizar manifestações inconstitucionais no país. Na abertura da sessão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, na tarde desta terça-feira (16/6), a presidente do colegiado, a ministra Cármen Lúcia afirmou que os atos não são espontâneos, mas arquitetados e encorajados. Nas palavras da ministra, os responsáveis pelas ações “parecem não se preocupar em dificultar a convivência democrática”.
“Atentados contra instituições, contra juízes e contra cidadãos que pensam diferente voltam-se contra todos, contra o país”, afirmou Carmen Lúcia. “Que não se cogite que a ação de uns poucos conduzirá a resultado diferente do que é a convivência democrática; que não se cogite que se instalará algum temor ou fraqueza nos integrantes da magistratura brasileira”, alertou. A magistrada chamou, ainda, de inaceitável a ameaça de pessoas descomprometidas com a democracia à liberdade obtida com a Constituição de 1988.
“O Supremo Tribunal Federal tem um passado a ser reverenciado, e o cidadão brasileiro tem um futuro a ser assegurado, futuro que tem garantia democrática na Constituição”, afirmou a presidente do colegiado. De acordo com a magistrada, a suprema corte continuará a agir com coragem e dignidade para honrar a Constituição. Na mesma linha, o ministro Edson Fachin destacou que é preciso “sair da crise sem sair da democracia”.
O decano Celso de Mello também se posicionou. “É inconcebível e surpreendente, Senhora Presidente, que ainda subsista, na intimidade do aparelho de Estado, um inaceitável resíduo autoritário que insiste, de modo atrevido, em dizer que poderá desrespeitar o cumprimento de ordens judiciais, independentemente de valer-se, como cabe a qualquer cidadão, do sistema recursal previsto pela legislação processual”, afirmou.
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O ministro encerrou afirmando que “é preciso resistir com as armas legítimas da Constituição e das leis da República”. “É preciso resistir e reconhecer, na independência e na firmeza de atuação da Suprema Corte, como afirmava o eminente Ministro Aliomar Baleeiro, a condição de ‘sentinela das liberdades’. Sem juízes independentes, Senhora Presidente e Senhores Ministros, jamais haverá cidadãos livres”, avisou.
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