O presidente Jair Bolsonaro é o responsável pelo alto número de mortes por covid-19 no Brasil. É o que defende Fernando Haddad (PT), que disputou o segundo turno da eleição presidencial de 2018. Em entrevista ao CB.Poder — parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília —, ontem, ele falou sobre as dificuldades da oposição para articular um pedido de impeachment e citou a postura de Bolsonaro diante da pandemia como uma das principais razões para o afastamento.
Em razão dos “crimes contra a Constituição” e pela forma como o presidente tem agido durante a pandemia, Haddad entende que há motivos para a abertura de processo. “Considero Bolsonaro responsável pelo patamar de mortes. Em agosto, o Brasil pode inclusive superar o número dos EUA. Podemos ter 100 mil mortes se ele continuar sabotando as ações dos governos estaduais contra a pandemia”, disse Haddad.
O petista acusou o governo federal de ser o maior desarticulador do isolamento social. “O governo federal foi o maior sabotador disso. São Paulo estava agindo certo na época em que o Mandetta estava no Ministério da Saúde. Nas últimas duas semanas, no entanto, tem emitido sinais contraditórios. Aqui em São Paulo (A entrevista foi por videoconferência) existe uma postura muito mais séria por parte do governador e prefeito, ambos do PSDB. Mas, às vezes, estão tomando medidas nem sempre coerentes”, pontuou.
O petista disse, ainda, acreditar que o chefe do Executivo cometeu crime de responsabilidade ao atacar os demais Poderes da República. No entanto, PDT e PSDB foram contra a abertura do processo. “Acredito que a postura do PDT e PSDB neste momento não fortalecem o Bolsonaro, mas enfraquecem o Judiciário e Legislativo”, afirmou Haddad.
O ex-candidato à presidência falou ainda sobre a aproximação do governo com o Centrão. Para ele, a situação atual é inédita. “O Centrão se amolda ao governo que está em curso. FHC teve apoio deles, Lula também. Mas nenhum dos dois (presidentes) abriu mão dos seus projetos de país para ter o apoio do Centrão. O que acontece de diferente agora é que Bolsonaro não tem um projeto”, completou.
Ministro da Educação de Lula e Dilma Rousseff, Fernando Haddad também criticou o atual titular da pasta, Abraham Weintraub. “O MEC não tem, hoje, um projeto para o país. Apresentou dois pseudo-projetos, mas nenhum prosperou. O chamado Future-se não teve a adesão de uma única universidade brasileira, e a Escola Cívico-Militar é uma fantasia. Weintraub não é um educador, não tem familiaridade com a área e fala inclusive sobre áreas que não lhe dizem respeito. Ele tem uma funcionalidade no governo, que é mobilizar os fanáticos do bolsonarismo.”
*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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