Politica

O imprecionante Weintraub

Demissão põe fim a uma gestão tumultuada, provocada pelo estilo sem filtro e agressivo do ex-ministro na defesa ideológica do governo. Indicado para um cargo no Banco Mundial, só assume se tiver o nome aprovado por um grupo de países

Correio Braziliense
postado em 19/06/2020 04:04
No discurso de saída, Weintraub disse que estava se sentindo inseguro e que a mudança de ares será benéfica até para o animal de estimação da família

Após um ano e dois meses, Abraham Weintraub foi demitido do Ministério da Educação, na tarde de ontem. Em meio a uma gestão marcada por polêmicas e projetos parados, ele anunciou a saída por meio de um vídeo postado nas redes sociais, ao lado de Jair Bolsonaro. Afirmou que deixará o governo para, provavelmente, assumir um cargo na direção do Banco Mundial (Bird) –– conforme indicação do presidente, numa saída honrosa para não abandonar seu fiel escudeiro. Assim, o presidente tenta diminuir o atrito entre o Executivo e o Judiciário cujos insultos do ex-ministro aos integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) foram uma mancha a mais no relacionamento.
“Sim, desta vez é verdade. Eu estou saindo do MEC e vou começar a transição, agora. E, nos próximos dias, eu passo o bastão para o ministro que vai ficar no meu lugar, interino ou definitivo”, anunciou, no vídeo.


Weintraub também não quis comentar os motivos que levaram a sua saída. “Neste momento não cabe. O importante é dizer que eu recebi o convite para ser diretor de um banco. Já fui diretor de um banco no passado. Volto ao mesmo cargo, porém, no Banco Mundial. O presidente já referendou e, com isso, eu, minha esposa, nossos filhos, e até a nossa cachorrinha, Capitu, vamos poder ter a segurança que hoje está me deixando muito preocupado”.


E completou: “Estou fechando um ciclo e começando outro. E é claro que eu continuo apoiando o senhor (Bolsonaro), como fiz nos últimos três anos, desde que a gente se conhece. Neste período, eu vi um patriota, que defende os mesmos valores que eu sempre acreditei: a família, a liberdade, a honestidade a franqueza o patriotismo e que tem Deus no coração. Agradeço a honra que foi participar do seu governo, desejo toda sorte e o sucesso que o senhor merece, nesse desafio gigante que é tentar salvar o Brasil. Eu continuarei lutando pela liberdade, mas de outra forma”, concluiu.


Com ar grave, Bolsonaro comentou, em seguida, classificando o momento como “difícil”. “É um momento difícil. Todos os meus compromissos de campanha continuam de pé. Busco implementá-los da melhor forma possível. A confiança você não compra, você adquire. Todos que estão nos ouvindo agora são maiores de idade, sabem o que o Brasil está passando. E o momento é de confiança. Jamais deixaremos de lutar por liberdade. Eu faço o que o povo quiser”, disse.


Na volta ao ministério, após reunião com Bolsonaro, Weintraub se recusou a falar com a imprensa e justificou ironizando a multa que recebeu do governo do Distrito Federal por não usar máscara numa manifestação, na Esplanada dos Ministérios. “Não estou podendo falar. Estou obedecendo ao Ibaneis e, com isso aqui (a máscara), não consigo falar”.
Com a saída de Weintraub, o secretário executivo do MEC, Antonio Paulo Vogel, assume interinamente. Na lista de possíveis sucessores, o secretário nacional de Alfabetização, Carlos Nadalim, tido como favorito, está praticamente fora. Como o ex-ministro, é seguidor do escritor Olavo de Carvalho e defensor do homeschooling, mas, também por ter perfil radical, perdeu pontos na indicação.


O governo também oficializou a indicação de Weintraub para diretor-executivo do grupo de países –– conhecido como constituency — que o Brasil lidera no Bird (do qual fazem parte Colômbia, Equador, Trinidad e Tobago, Filipinas, Suriname, Haiti, República Dominicana e Panamá, que precisam aprovar o nome do ex-ministro para que ele possa assumir o cargo). (Colaborou Rosana Hessel)

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