Politica

Novo advogado de Flávio Bolsonaro já defendeu Cabral e réus por tortura

Roca assume o posto no lugar de Frederick Wassef, que deixou a defesa do parlamentar no caso que apura suposto esquema de "rachadinha" na Alerj

Novo advogado de Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, Rodrigo Henrique Roca Pires tem mais de 20 anos de carreira e já atuou para militares acusados de tortura e assassinatos na ditadura. Até 2018, defendeu o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB), condenado a mais de 280 anos de prisão na Operação Lava Jato. 


Roca assume o posto no lugar de Frederick Wassef, que deixou a defesa do parlamentar no caso que apura suposto esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A troca ocorre após a prisão do ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, na casa de Wassef em Atibaia (SP). Segundo a assessoria de Flávio, Roca passará a defender o filho do presidente com a advogada Luciana Pires, que já representava o parlamentar.

Nascido em Niterói, Roca foi advogado de Cabral até o momento em que o ex-governador decidiu fazer delação premiada, contrariando sua estratégia de defesa. O ex-governador está desde 2016 no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.

Roca também atuou em casos de militares acusados por crimes durante a ditadura militar. Ele defendeu o general reformado José Antônio Nogueira Belham, os coronéis reformados Rubens Paim Sampaio e Raymundo Ronaldo Campos, e os ex-sargentos Jurandyr e Jacy Ochsendorf, todos denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por participação no homicídio ex-deputado Rubens Paiva.

Roca também atuou como advogado dos acusados de planejar o frustrado atentado ao Riocentro, em maio de 1981, entre eles o coronel reformado Wilson Machado, sobrevivente da explosão acidental no carro que levava as bombas.

O advogado também defendeu o ex-soldado da PM do Rio Paulo Roberto Alvarenga, principal denunciado pela chacina de Vigário Geral, matança de 21 moradores ocorrida em agosto de 1993. A defesa conseguiu, no Supremo Tribunal Federal (STF), anular o julgamento e reduzir a pena inicial, de 449 anos de prisão.

Formado pela Universidade Cândido Mendes em 1996, Roca é leitor de Aristóteles a Olavo de Carvalho, e se diz afeito a línguas clássicas.

Em entrevista ao jornalista Luiz Maklouf Carvalho publicada pelo Estadão em 2017, o advogado confirma que votou no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 1989. "Me arrependi muito", disse à época, omitindo suas preferências nas eleições posteriores e se definindo como "um democrata de centro, contra qualquer ditadura e contra a tortura."

Troca

Saiba Mais

O antigo advogado de Flávio no inquérito das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio, Wassef afirmou, em entrevista à CNN, que vai deixar a defesa por que há uma estratégia da acusação para atingir Bolsonaro por meio dele. Na noite de domingo, 21, Flávio anunciou que Wassef estava deixando sua defesa "por decisão dele e contra a minha vontade". Em postagem no Twitter, o senador afirmou que a "lealdade e a competência" do advogado são "ímpares e insubstituíveis". Wassef ainda não deu explicações públicas sobre o motivo pelo qual Queiroz estava em sua casa.