Politica

Funcionários do Banco Mundial se manifestam contra nomeação de Weintraub

Grupo pede que nomeação do ex-ministro da Educação ao Banco Mundial seja suspensa até o fim de uma investigação sobre declaração racista

Correio Braziliense
postado em 24/06/2020 15:18
Abraham WeintraubA associação de funcionários do Banco Mundial, chamada WBG Staff Association, enviou uma carta ao conselho de ética da instituição, nesta terça-feira (24/6), rejeitando a indicação de Abraham Weintraub ao cargo de diretor executivo do órgão internacional. O grupo pede que a nomeação seja suspensa até o fim de uma investigação sobre declarações de caráter racistas dadas pelo ex-ministro da Educação do Brasil.

"O Grupo Banco Mundial acaba de assumir uma posição moral clara para eliminar o racismo em nossa instituição. Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do grupo de expor o racismo onde quer que o vejamos. Acreditamos que o Conselho de Ética do Banco Mundial compartilha essa visão e fará tudo ao seu alcance para aplicá-la", reinvidicou a associação de funcionários, por meio de nota pública. 

Na segunda-feira (23/6), o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou o inquérito aberto contra Weintraub por racismo para  a primeira instância por ter perdido o foro privilegiado ao sair do primeiro escalão do governo federal. Na nova condição, o ministro entendeu que o ex-ministro não deveria mais ser julgado pelo STF.

No mesmo dia, o governo federal modificou a data de exoneração do ex-ministro. Primeiramente publicada em edição extra do Diário Oficial da União, do último sábado, a demissão de Weintraub foi alterada para o dia anterior, segundo decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro. Com a nova data, a entrada dele nos Estados Unidos, no próprio sábado, pode ter desrespeitado a legislação que obriga estrangeiros a cumprir quarentena em outro país em meio à pandemia do novo coronavírus.

Weintraub também passou a ser investigado no inquérito das fake news após o vídeo da reunião ministerial em que chamou os ministros do STF de “vagabundos" e dizer que queria "todos eles na cadeia" ser divulgado. Essas falas deram origem às turbulências políticas que culminaram na saída dele do Ministério da Educação (MEC).  

Saiba Mais

Antes disso, porém, a gestão do ex-ministro da Educação foi recheada de polêmicas. Uma delas ironizou o sotaque de asiáticos por meio do personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, para culpar a China pela pandemia de covid-19, em abril. Atitude que o Código de Ética do Banco Mundial coíbe. 

Votação para Weintraub entrar no Banco Mundial


A nomeação de Weintraub para diretor executivo do conselho administrativo do Banco Mundial ainda precisa passar por aprovação do grupo de países do qual o Brasil faz parte, o chamado constituency. O que pode demorar até quatro semanas, segundo a própria instituição internacional. 

Os outros oitos países do grupo com poder de voto são Colômbia, Equador, Haiti, Panamá, Suriname, República Dominicana, Filipinas e Trinidad & Tobago. Até o momento, nenhuma dessas nações deu mostras de resistência à indicação de Weintraub. E nunca uma candidatura brasileira ao Banco Mundial foi contestada. Caso seja eleito, o ex-ministro tem mandato válido até 31 de outubro, com probabilidade de ser renovado no mês seguinte.

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