Correio Braziliense
postado em 28/06/2020 04:13
O cientista político Murillo de Aragão, da Arko Advice, afirma que a mudança de postura demorou. “Creio que Bolsonaro muda o gesto um pouco atrasado. Com o início da pandemia, o governo teria de se reinventar pela dificuldade que encontrava no Congresso. Começou a mudar há cerca de 40 dias, quando iniciou conversas com partidos e abriu espaço político. Também ocorreram vários atritos, abriu-se um front judiciário para ele”, destaca.
O especialista analisa que o chefe do Executivo aprofunda o figurino de entendimento civilizado com os Poderes e que o modelo do “novo Bolsonaro” deve durar por algum tempo. “Ainda que tenham os desentendimentos comuns, não vejo uma ruptura dramática do relacionamento a curto prazo. A tendência é de que o presidente tenha um relacionamento estável com os outros Poderes”, afirma. “Com essa nova postura, ele poderá colher melhores resultados e gerar uma relação melhor na Esplanada. Acredito nessa manutenção”, completa.
A advogada Vera Chemim, mestre em direito público administrativo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), aposta que Bolsonaro deve seguir ouvindo os militares e controlando o contato da ala ideológica, que mais contribui para as dissidências e derrotas políticas do presidente. “O único braço do governo prudente e cauteloso é representado pela ala militar, cuja finalidade nos últimos tempos tem sido a de apagar os incêndios provocados pelo chefe do Executivo, especialmente os relacionados ao desprezo pela pandemia”, lembra. “A fala de Bolsonaro dirigida aos outros Poderes, com um tom completamente diferente do habitual, acena para um ambiente de pacificação institucional e aparentemente livre de matizes político-ideológicas extremadas, próprias da ala radical de direita”, complementa.
Segundo Chemin, “a menos que Bolsonaro se deixe levar novamente pela ala radical ou perca o bom senso em razão de problemas judiciais dos filhos, pode ser que ele se enquadre na realidade sócio-política e se comporte, de fato, como um mandatário da República”. “É o que se espera, embora haja muitas dúvidas a esse respeito”, finaliza. (AF e IS)
"Creio que Bolsonaro muda o gesto um pouco atrasado. Ocorreram vários atritos, abriu-se um front judiciário para ele”
Murillo de Aragão, cientista político
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.