Politica

Moro dispara contra Brasília

Correio Braziliense
postado em 30/06/2020 04:14
Consagrado pela atuação como juiz da Lava Jato, Sergio Moro não escondeu a insatisfação com o gesto da Procuradoria-Geral da República em relação à força-tarefa. Moro contestou o governo federal pela falta de uma agenda propositiva em meio à pandemia do novo coronavírus, especialmente no que diz respeito ao combate à corrupção, algo que ele tem dito frequentemente desde que pediu demissão no fim de abril. “Aparentemente, vivemos uma fase anti-lava jato e contra o que ela representa. Não seria melhor o país focar em agendas anticovid, antidesemprego e anticorrupção?”, ponderou o ex-ministro, ontem. No sábado, ele já havia reclamado: “Aparentemente, pretende-se investigar a Operação Lava Jato em Curitiba. Não há nada para esconder nela, embora essa intenção cause estranheza. Registro minha solidariedade aos Procuradores da República competentes que deixaram seus postos em Brasília”.

A reclamação de Moro pode ser vista sob uma ótica eleitoral. O desgaste na imagem do juiz da Lava-Jato interessa a Bolsonaro porque o chefe do Planalto sabe do potencial do ex-ministro para as eleições de 2022, mesmo que o ex-magistrado não tenha sinalizado com a possibilidade de concorrer à Presidência da República. Levantamento feito pela Quaest Consultoria e Pesquisa entre os dias 14 e 17 deste mês, e divulgado pela revista Veja, constatou que Moro tem 19% das intenções de voto dos brasileiros, apenas três pontos percentuais a menos que Bolsonaro, que lidera o ranking com 22%.

Para Cristiano Noronha, cientista político da Arko Advice, é certo que haverá mais embates entre Bolsonaro e Moro. “Já vimos isso com Witzel, Huck, Doria e, agora, Moro, que por mais que negue, passa a ser uma alternativa de candidatura. Moro saiu atirando no governo e dizendo que o presidente tentou usar a PF para proteger familiares. Isso deixou a relação desgastada. Vamos assistir a esses confrontos até 2022”, disse.

"Aparentemente, vivemos uma fase anti-lava jato e contra o que ela representa. Não seria melhor o país focar em agendas anticovid, antidesemprego e anticorrupção?”
Sergio Moro, ex-ministro da Justiça

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