Politica

Médico tira máscara para atacar Supremo

Correio Braziliense
postado em 02/07/2020 04:03
Garcês é coordenador-geral no Ministério da Saúde: %u201CJudiciário ditador%u201D
 
 
Enquanto o Ministério da Saúde alerta os servidores sobre o uso das redes sociais “com cuidado”, é justamente por meio delas que o coordenador-geral de Gestão de Projetos de Saúde Digital da pasta, Allan Quadros Garcês, faz críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e divulga a participação ativa em manifestações de extrema direita, descumprindo as medidas de isolamento e a orientações de uso de máscaras, determinadas pelo próprio ministério.

Com direito a transmissão ao vivo, o médico de carreira compareceu às últimas passeatas bolsonaristas e justificou que o ato era necessário “em defesa da liberdade, democracia, da Constituição brasileira, que o STF está tentando rasgar e jogar no lixo”. “Não podemos permitir que o STF venha implantar a sua ditadura, ditadura da toga”, disse, no início de uma live, em 21 de junho. As críticas ao Supremo são frequentes nas postagens. “Elegemos um presidente para governar o país, não elegemos um judiciário pelego, autoritário, ideológico e ditador”, escreveu.

Em 2018, Garcês foi candidato a deputado federal pelo PSL. Também atuou durante um breve período como secretário de Saúde de Roraima, até meados de fevereiro deste ano. Militar da reserva, é médico de carreira, tem especializações em ortopedia, traumatologia e pediatria.

Assim como Bolsonaro, Garcês defende o uso de hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina no tratamento da covid-19. “Vidas podem ser confinadas, mas a verdade nunca será trancada. Em um futuro bem próximo, a história mostrará quem errou e quem acertou. Lockdown não, tratamento precoce, sim. Salva vidas com hidroxicloroquina e ivermectina”, ressaltou.

Numa postagem, um seguidor dele tira dúvidas: “Boa noite, doutor. Não consigo comprar a hidroxicloroquina. Consegui comprar a ivermectina e mais a azitromicina, isso foi por precaução”. Garcês aprova: “A ivermectina pode ser usada com azitromicina no tratamento, com bons resultados, desde que usados no início da doença”. Em outras postagens, no entanto, ele recomenda o uso profilático “apenas para os profissionais da saúde que estão na linha de frente”.

Em algumas postagens, Garcês afirma que o país está vencendo a covid-19 e justificou, ao avaliar os óbitos registrados na última sexta. “Você sabia que foram anunciados 990 mortos ontem, sendo que, desses, apenas 497 foram nos três últimos dias e que o restante, 493, foram nos últimos 50 dias? Isso quer dizer que se pegarmos apenas os óbitos das últimas 24hs encontraremos um número bem baixo de óbitos”, frisou.

O Correio tentou contato com Garcês pelas redes sociais e não recebeu resposta até o fechamento desta edição. De acordo com o Ministério da Saúde, o servidor informou “que estava no livre exercício de cidadania ao participar da manifestação, que usou máscara durante todo o período em que esteve no ato e a tirou para fazer fotografia, mantendo distanciamento adequado de outras pessoas”. Garcês ainda diz que “está reavaliando as mensagens, deixando clara sua posição em favor da democracia”.

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