Politica

Orgia no Lago vira fake news

Correio Braziliense
postado em 04/07/2020 04:12
Oito pessoas procuraram a polícia após serem relacionadas ao vídeo


Aos menos oito moradores do Distrito Federal tiveram as imagens relacionadas ao vídeo que mostra sexo grupal explícito em uma embarcação no Lago Paranoá. As vítimas, que não participaram do episódio, tiveram fotos e perfis divulgados como sendo integrantes do grupo. Os casos estão sendo investigados pela 19ª Delegacia de Polícia (Setor P Norte — Ceilândia) e pela 20ª DP (Gama). A Polícia Civil tenta identificar os responsáveis pela divulgação e pelo compartilhamento.

O Correio conversou com duas vítimas que procuraram a delegacia para relatar o crime. Uma mulher registrou ocorrência na 20ª DP. Ela começou a receber diversas solicitações de seguidores no Instagram, além de mensagens ofensivas e invasivas de homens. “No começo, fiquei sem entender o que ocorreu para ter tantas solicitações. Depois, pessoas que me conhecem começaram a mandar prints de um grupo, com a minha imagem associada. Fiquei completamente desesperada, porque a situação tomou uma proporção muito grande”, afirmou.

Outra vítima, um homem que também teve a imagem associada ao vídeo, procurou a 19ª DP para denunciar o caso. Ele relatou que fez uma confraternização com amigos em uma embarcação no Lago em 1º de julho, mas não teve nenhum envolvimento com o sexo grupal. “Fizeram junção de imagens da verdadeira embarcação com as fotos que as meninas publicaram no WhatsApp e foram roubadas”, explicou. Ele ressaltou que a situação tem sido extremamente constrangedora. “Somos vítimas de fake news. Certamente, o dia em que estivemos no Lago sequer deve ter sido quando ocorreu a suruba com o verdadeiro grupo.”

Na madrugada de ontem, três homens e quatro mulheres procuraram a 19ª DP. O delegado-adjunto Sérgio Bautzer explicou que eles são vítimas de crime contra a honra. “Fizeram sobreposição de imagens com as fotos dos status das vítimas. Assim, criaram a história que se tratarias dessas pessoas”, disse. “A situação tomou uma proporção muito grande, acabando com a vida delas. Por isso, acreditamos que se trate de uma vingança.”

Investigações
A Polícia Civil também trabalha para identificar os envolvidos nas cenas de sexo explícito. Um novo vídeo que circula nas redes sociais vai ajudar nas apurações. Os participantes podem responder por ato obsceno. O caso está sendo investigado pela 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul). Por conta da divulgação da foto de uma mulher do grupo e do vídeo em que ela pratica o ato, os responsáveis por liberar o material podem responder por vazamento de nudez.

Reclusão de até cinco anos

De acordo com o Código Penal, em seu Artigo 218-C,  é crime “oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio — inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática —, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia”. As penas vão de um a cinco anos de reclusão, se o fato não constitui crime mais grave.

Detenção ou multa

O Código Penal prevê detenção de três meses a um ano, ou multa, para quem “praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público”. Os envolvidos no caso da embarcação no Lago também praticaram um segundo delito, porque não utilizavam máscara de proteção no espaço público — multa de R$ 2 mil para pessoa física e R$ 4 mil, para pessoa jurídica.


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