Politica

Mendonça 'enquadra' Polícia Federal



O ministro da Justiça, André Mendonça, afirmou que a “independência e autonomia” da Polícia Federal “não significa soberania de atuação”. A declaração foi em resposta a uma pergunta feita, durante uma live promovida pelo BTG Pactual, ontem, sobre suposta interferência política na corporação.

De acordo com o ministro, o governo exige atuação efetiva da instituição e cobra resultados. “Essa independência e autonomia que a PF tem, ela não significa uma soberania de atuação. Eu, como ministro da Justiça, demando uma atuação efetiva da PF. Eu cobro resultados, eu quero saber se estão fazendo operações. Quais dificuldades estão tendo, para tentar ajudar a solucionar”, argumentou.

Mendonça considerou absurdo se cogitar manipulação do governo na PF. “Então, elucubrar uma interferência no trabalho da Polícia Federal é impensável. E não é neste governo. É em qualquer governo. Qualquer governo que tente isso não vai ter êxito. Pelo contrário. Terá contra si uma avaliação não só política, mas de uma situação de risco jurídico evidente”, justificou.

Ele criticou o que chamou de “punitivismo”, que, na visão dele, seria perseguição contra determinado grupo. “O que a gente cobra: persigam o crime? Sim. Mas de modo imparcial, isento, sem perseguição a grupo A ou grupo B. Que tenham uma atuação responsável”, disse. “Eu não tenho de ter um punitivismo, agora, eu tenho de ter uma atuação séria e efetiva, eficaz, no menor tempo possível.”

André Mendonça, ex-advogado-geral da União, passou a comandar o Ministério da Justiça com a saída de Sergio Moro, que acusa o presidente Jair Bolsonaro de tentar interferir na PF. O interesse do chefe do Executivo seria proteger familiares e aliados alvos de investigações. (RS)