Correio Braziliense
postado em 06/07/2020 04:19
O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), determinou diligências para apurar denúncia de uso de equipamentos de gravação e interceptação telefônica pela Lava-Jato de Curitiba, sem autorização legal, envolvendo aquisição, uso e desaparecimento dos aparelhos. A representação foi feita pelo subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU (MPTCU), Lucas Rocha Furtado.
A determinação de Bruno Dantas estende-se a diligências em todo o Ministério Público Federal (MPF). “Há que se delinear o escopo do processo de modo a que tais questões não fiquem adstritas à Operação Lava-Jato no Paraná, devendo abranger o Ministério Público Federal como um todo”, ressaltou.
Ele solicitou que se busque informações sobre contratações feitas por todo o MPF nos últimos 10 anos, “com vistas à aquisição, utilização e manutenção de quaisquer equipamentos e sistemas de interceptação telefônica ou chamadas de qualquer natureza, bem como sobre a atual situação desses bens, de modo a averiguar eventual desaparecimento patrimonial”.
Lucas Furtado também havia relatado denúncias de supostas fraudes no momento da distribuição de processos da Lava-Jato, pedindo, igualmente, a apuração. Sobre isso, o ministro do TCU negou seguimento à representação, ressaltando que a “matéria foge aos limites das competências” do tribunal, “por se tratar de questão afeta exclusivamente à atividade finalística do MPF”. Ele determinou o envio dos documentos ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) para que adotem providências que entenderem cabíveis.
Na quarta-feira, a Lava-Jato de Curitiba divulgou uma nota repudiando as informações de que a equipe “teria aparelhos do tipo guardião para a realização de interceptações telefônicas”. “É absurdo e não tem qualquer base na realidade”, frisou.
Em entrevista à CNN Brasil, ontem, o coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol, negou que a equipe tenha aparelhos de interceptação telefônica. De acordo com ele, foram adquiridos, em 2015, equipamentos que gravam chamadas dos servidores que desejarem. Segundo ele, a compra foi feita porque, à época, integrantes da força-tarefa recebiam muitas ameaças. (ST)
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