Correio Braziliense
postado em 13/07/2020 16:36
A nomeação de Milton Ribeiro para ministro da Educação trouxe alívio para o Congresso, por dar um rumo a um dos mais importantes ministérios do do país. Mas trouxe, também, preocupação, por se tratar de um religioso. O receio é que, nos moldes da guerra ideológica promovida pelo antecessor, Abraham Weintraub, ele venha a ferir a laicidade das escolas públicas brasileiras, que contam com estudantes de diversas religiões. Pouco conhecido no meio, a expectativa é que o novo ministro seja chamado para falar na Comissão de Educação da Câmara.
Relatora da Comissão Externa do de acompanhamento do MEC, a deputada-federal Tabata Amaral (PDT-SP) olha com ceticismo para a escolha do novo nome. “O que mais me preocupa e angustia é que diante de desafios tão grandes como os que temos na educação, especialmente nesse contexto da pandemia, que está aprofundando a desigualdade educacional, a escolha do novo ministro, ao que tudo indica, tenha sido feita com base em sua religião”, afirmou.
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Vice-presidente do colegiado, Alice Portugal (PCdoB-BA), demonstrou ceticismo. “É de esperar que a Câmara chame o ministro, para que ele se apresente. São 14 meses de desalento com Weintraub, que saiu fugido do país. E antes, o Vélez, que era um espectro de Olavo de Carvalho. Evidentemente, vamos procurá-lo para que se pronuncie sobre quais são os seus objetivos. Temos o Fundeb para transformar em política de estado, a discussão da data do Enem por conta da pandemia, o retorno às aulas, escolas sem aula, energia, com superlotação no ensino médio. Temos que ouvir esse senhor para que ele diga quais são os planos em relação à educação”, alertou.
Portugal destaca que Riberio terá uma tarefa “hercúlea”, e diz esperar que o indicado não viole a laicidade do ensino público. O presidente da comissão especial da PEC do Fundeb, o deputado Bacelar (Podemos-BA), concorda. “Fico feliz pelo pastor ser doutor em Educação, um pré requisito. Mas não é tudo. Precisa ter diálogo, principalmente com Congresso e comunidade educacional, e não levar práticas calvinísticas para o ministério, que é uma instituição integrante de um estado laico”, destacou.
“Se o ministro apresentar uma agenda de trabalhos focada nos graves problemas da educação, vai ter a colaboração da Câmara, universidade institutos técnicos, e todos os secretários estaduais e municipais de educação. Não tenho dúvida. Sou da oposição mas serei o primeiro a defender as propostas”, afirmou Bacelar. Membro da Comissão do Senado, Styvenson Valentim (Podemos-RN), se mostra mais otimista. “O tempo dirá se é bom ou ruim. Preocupação maior causava a lacuna aberta e não encontrar uma pessoa com inteligência de conhecer os problemas da educação, ainda mais nesse ponto de pandemia”, opinou.
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