Correio Braziliense
postado em 14/07/2020 04:23
Diante da preocupação de empresários com possíveis sanções e problemas gerados pelo descontrole ambiental no Brasil, o vice-presidente Hamilton Mourão tem conversado com o setor e prometido redução do desmatamento na Amazônia. As articulações visam também reconstruir pontes para a possível saída de Donald Trump da presidência dos Estados Unidos e a vitória de Joe Biden, cuja pauta ambiental é forte.
Em videoconferência, ontem, com o presidente do Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Mourão reforçou a importância de reduzir a taxa de destruição da floresta amazônica ao “mínimo aceitável”. Na semana passada, ele se reuniu com executivos de grandes empresas brasileiras e três entidades representativas para discutir o tema. Antes, falou com investidores internacionais, que condicionaram novos investimentos no país ao controle da devastação.
Segundo o professor de direito internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Thiago Amparo, o Brasil e os EUA têm uma relação de estado. Trump e o presidente Jair Bolsonaro se aproximam por visões ideológicas que não trouxeram resultados.
A importância de manter uma boa relação com Washington, independentemente de ser democrata ou republicano, faz o Brasil repensar algumas posturas. Amparo frisa que esta movimentação “transcende as eleições” e expressa “uma maior preocupação com fundos internacionais e empresas para a política ambiental”, com os impactos do que isso pode acarretar à economia brasileira –– algo que pode gerar sanções de produtos produzidos no país, por exemplo.
O professor de relações internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Juliano da Silva Cortinhas avalia que a mudança de postura do governo pode ter vindo tarde demais.. “Isso deveria ter sido pensado antes. O Brasil foi longe demais com o discurso ideológico”, criticou.
Cortinhas ressalta que o governo desdenhou de questões ambientais desde o início e diversas declarações de alguns dos integrantes do primeiro escalão fizeram com que o Brasil passasse a ser malvisto internacionalmente, por países e por empresários. “As declarações dos atores da política externa brasileira são embasadas em ideologia, e não em uma postura pragmática. Isso arruinou uma imagem que o Brasil vinha construindo ao longo de anos no sistema internacional”, lamentou.
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