O ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, já vinha sendo pressionado pela ala militar do Palácio do Planalto a entrar para a reserva, como forma de amenizar as críticas pela grande quantidade de militares em cargos estratégicos do governo Bolsonaro. Nesta semana, ele virou alvo, também, do Centrão. O bloco parlamentar — ao qual o chefe do Executivo vem recorrendo para formar a base política no Congresso — quer aproveitar esse movimento para indicar o substituto do general, que comanda a pasta interinamente desde 15 de maio, após saída de Nelson Teich.
O mais cotado pelo Centrão é o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS). Médico, ele foi ministro da Cidadania no governo Bolsonaro e mantém presença frequente na agenda do presidente e do chefe da Secretaria de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos. A provável saída de Pazuello da pasta ganhou força após o comandante do Planalto afirmar, na semana passada, que o ministro interino “é um nome que não vai ficar para sempre” e que ele “já deu uma excelente contribuição para nós”.
A pressão aumentou com as críticas do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), à participação de militares no Ministério da Saúde. Ele disse que o Exército se associou a um “genocídio”, em alusão à gestão do governo federal no combate à pandemia da covid-19.
Ontem, o vice-presidente Hamilton Mourão se posicionou contra a troca do comando do Ministério da Saúde. “Não acho que é o momento, agora. Espera a pandemia arrefecer, aí, troca”, disse em entrevista à CNN Brasil.
A defesa de Mourão pela permanência de Pazuello ocorreu no mesmo dia em que a comissão mista do Congresso que fiscaliza as ações do governo de combate à pandemia decidiu convidar o ministro interino a explicar a logística de distribuição de testes, medicamentos e kits usados para intubação de pacientes da doença nos estados. A audiência ainda não tem data marcada.
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), demitido em 16 de abril por discordâncias com Bolsonaro, também criticou a militarização da pasta. “É como se você colocasse a condução do Ministério da Saúde, no momento de maior risco da história do país, nas mãos dos jogadores de futebol, nas mãos dos físicos nucleares”, disse à Deutsche Welle Brasil.
Paulinho da Força alvo de operação
A Polícia Federal cumpriu, ontem, mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao deputado Paulinho da Força, presidente nacional do Solidariedade, em uma operação batizada de Dark Side. A ação investiga crimes eleitorais, como caixa 2 e lavagem de dinheiro, e se trata da primeira fase da Operação Lava-Jato na Justiça Eleitoral de São Paulo desde o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que reafirmou sua competência para analisar crimes conexos aos eleitorais. Os agentes fizeram buscas no gabinete do parlamentar, em seu apartamento funcional e ainda na sede da Força Sindical, em São Paulo. Ao todo, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão em São Paulo e em Brasília. As ordens foram expedidas pela 1ª Zona Eleitoral de São Paulo. Ao solicitar a operação, a Polícia Federal afirmou que a JBS, de Joesley Batista, pagou R$ 1,7 milhão para bancar despesas de campanha de Paulinho da Força entre 2010 e 2012. Paulinho disse desconhecer a apuração. Afirmou que não teve acesso à decisão judicial e que suas contas eleitorais foram aprovadas pela Justiça. Ele foi condenado em junho, pelo STF, a 10 anos de prisão por desvio de recursos do BNDES.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.