Enquanto a ala militar do governo continua inconformada com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pelas críticas que ele fez à presença principalmente do Exército na cúpula do Ministério da Saúde, como o ministro interino da pasta, Eduardo Pazuello, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a atuação do general no combate à pandemia do novo coronavírus.
Segundo Bolsonaro, “Pazuello é um predestinado” e “quis o destino” que ele assumisse a interinidade da Saúde. O chefe do Executivo ainda defendeu que o general “nos momentos difíceis, sempre está no lugar certo para melhor servir à sua pátria”. O presidente também elogiou o currículo de Pazuello, mesmo que o ministro interino não tenha formação médica, e afirmou que “todos nós queremos o melhor para o Brasil”. Além disso, frisou que “o nosso Exército se orgulha desse nobre soldado”.
“O gen. Pazuello é formado na Academia Militar das Agulhas Negras, na arma de Intendência, possuindo mais de 40 anos de experiência em logística e administração. Em 2014/2015 na sua primeira grande missão como oficial general foi na criação do Centro de Obtenções do Comando Logístico do Exército”, escreveu Bolsonaro, em uma rede social, ontem. “Em 2016, nos JO (Jogos Olímpicos) Rio 2016, o gen. Pazuello e sua pequena equipe foram convocados para a gestão da Logística Olímpica e Financeira na parte de segurança e defesa. A competição foi um sucesso e elogiada no mundo todo. Entre 2018 e 2020, a situação de Roraima foi agravada com um crescente número de venezuelanos fugindo da ditadura e fome de Maduro. Também lá o gen. Pazuello ficou à frente da Operação Acolhida. A ONU (Organização das Nações Unidas) e o mundo elogiam até hoje as ações do Exército na região.”
Bolsonaro, contudo, não criticou Gilmar Mendes diretamente. Ele não deve fazê-lo para proteger o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O ministro do STF é o relator do processo que decidirá se o inquérito sobre as rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro será conduzido pela primeira ou pela segunda instância. O Tribunal de Justiça do Rio decidiu que Flávio tem direito a foro privilegiado, mesmo com os fatos investigados tendo ocorrido antes de ele ser eleito para o Senado.
Provisoriamente no cargo desde maio, quando Nelson Teich pediu demissão do posto de ministro da Saúde, Pazuello deu aval para que ao menos outros 28 militares assumissem cargos na pasta nesse período. Uma das primeiras ações dele à frente do ministério foi publicar um protocolo que permite o uso, em larga escala, da hidroxicloroquina no tratamento contra a covid-19, mesmo sem uma comprovação científica de que o medicamento tem eficácia no combate à doença.
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