Politica

Covid-19: Procuradora aponta alta de recursos após pressão de Gilmar Mendes

Em um dia, liberação de verba correspondeu a 40% do que foi destinado ao enfrentamento sanitário da covid-19 desde março deste ano

Correio Braziliense
postado em 17/07/2020 18:09
Gilmar MendesA procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo, Élida Graziane Pinto, observou um aumento brusco nos recursos da Saúde para o enfrentamento sanitário da covid-19 e o relacionou com a pressão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, no assunto. 

Conforme analisado por Élida, houve a liberação de R$ 4,9 em crédito extraordinário voltado ao combate à doença em um único dia, na última quarta-feira (15/7). O valor subiu para 5,2 bilhões nesta sexta-feira (17/). A quantia equivale a uma alta de 42,8% em relação a toda a série histórica do que havia sido liberado para esta ação orçamentária de enfrentamento sanitário da pandemia do novo coronavírus. Até então, haviam sido liberados R$ 12 bilhões desde o reconhecimento da calamidade pública, em março.

A liberação de R$ 4,9 bilhões ocorreu quatro dias após o ministro afirmar que "o Exército está se associando a esse genocídio", referindo-se às mortes por covid-19 no país e ao fato de o ministério da Saúde estar até hoje chefiado interinamente pelo general Eduardo Pazuello. “A velocidade da execução orçamentária do Ministério da Saúde merece ser observada no contexto dos últimos quatro meses. É algo inédito”, diz Élida.

Além da pressão do ministro da STF, ela remete ainda outras causas. “Politicamente, há variáveis que se somam: a data de dois meses do ministro interino, a pressão do ministro Gilmar Mendes e a iminência do calendário eleitoral”, afirma. 

Saiba Mais

A frase de Gilmar Mendes foi proferida em uma transmissão ao vivo realizada pela revista Isto É no último sábado (11/7). Mendes criticou o fato de o Ministério da Saúde estar, até hoje, sem ministro, sendo comandada interinamente pelo general Eduardo Pazuello desde a saída de Nelson Teich, em maio. "Isso é ruim, é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. Não é razoável para o Brasil", afirmou na ocasião.

Houve reação por parte do Ministério da Defesa, que enviou uma representação contra o ministro à Procuradoria-Geral da República (PGR). O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), chegou a afirmar ao longo da semana que Mendes deveria se desculpar se “tiver grandeza moral”. Nesta sexta-feira, ele disse em entrevista à Rádio Gaúcha que considera a situação um “incidente superado”.

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