O diagnóstico da covid-19 tem impedido o presidente Jair Bolsonaro de sair do Palácio da Alvorada, mas o mandatário já tem desenhado um plano para quando receber alta da doença, algo que pode ocorrer nesta semana. A ideia do chefe do Executivo é intensificar compromissos oficiais fora do Distrito Federal, sobretudo para a inauguração de obras. Ainda surfando na onda de um comportamento mais moderado e pouco agressivo contra outras instituições, Bolsonaro quer aliar isso à entrega de resultados, principalmente para aumentar a popularidade.
Como revelou o Blog do Vicente na última semana, uma das primeiras agendas pós-covid do presidente será no Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato (PI), onde ele visitará o Museu do Homem Americano. A viagem também incluirá uma passagem por Campo Alegre de Lourdes (BA), a 66km de São Raimundo. No município baiano, presenciará a inauguração de uma adutora que levará à cidade as águas do Rio São Francisco. Para concluir o pequeno “tour” nordestino, ele deve sobrevoar de helicóptero um trecho da Ferrovia Transnordestina entre Piauí e Pernambuco. A viagem pode ser nesta quinta-feira, caso o mandatário esteja curado do novo coronavírus até lá.
A região virou um ponto estratégico para Bolsonaro conquistar mais votos.O presidente viu na ida a Penaforte (CE), em junho, para inaugurar um dos trechos da obra de transposição do Rio São Francisco, uma forma de ganhar pontos com a população mais pobre do Nordeste, reduto ainda dominado pelo PT. A leitura é a mesma para as pessoas que estão ao seu redor e também para a base aliada no Congresso Nacional, sobretudo o Centrão. Não à toa, o convite para a viagem, nesta semana, partiu do presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI).
Visitas
Em live nas redes sociais na última quinta-feira, Bolsonaro destacou a importância das viagens para uma melhor aceitação do seu governo. O presidente frisou que os ministros foram ordenados a concluir obras. Segundo ele, “pelo menos dois dias por semana, vamos inaugurar obras”. “Vamos voltar para o Nordeste todo. A questão de inaugurar obras não é inaugurar para aparecer. É para mostrar que está fazendo”, frisou. “Porque, se depender da mídia local, não aparece. O Ministério do Desenvolvimento Regional tem 20 mil obras no Brasil.”
O chefe do Executivo prometeu mais visitas pelo país em agosto. No Vale do Ribeira, região do litoral sul de São Paulo, onde foi criado, ele pretende ir a municípios como Pariquera-Açu, Batatal e El Dorado. O mandatário também quer passar em São Vicente e em Santos. Em todas as cidades, pretende vistoriar o andamento de obras, como a recuperação de pontes e a conclusão de um conjunto habitacional. Além disso, vai viajar ao Mato Grosso, onde deve visitar cidades como Sinop, Sorriso e Nova Ubiratã.
“Vamos levar este Brasil para a frente. Temos tudo para dar certo. Temos um problema seríssimo pela frente, que é a destruição de empregos. É uma realidade. Vamos jogar pesado aí. Vamos correr atrás”, disse.
Expectativa
Para os defensores do chefe do Executivo, o fato de ele sair mais de Brasília para criar uma agenda positiva pode contribuir para que o governo volte a ver a economia apresentando bons resultados, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus. Alguns são mais otimistas e dizem que os indicadores positivos já estão aparecendo.
“O Brasil voltou a figurar entre os 25 países mais confiáveis para investimento estrangeiro, conforme voto dos CEOs das 500 maiores empresas do mundo. No mês de junho, a arrecadação do Brasil foi maior até do que a do mês de junho do ano passado, mostrando que o país vai voltando à normalidade e que, se Deus quiser, nós vamos colher bons frutos ainda este ano, em que pese a pandemia”, diz o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP).
A vice-líder do governo no Congresso, deputada Bia Kicis (PSL-DF), acrescenta que “o Brasil, hoje, tem conseguido se destacar com relação ao resto do mundo, até mesmo diante da Bolsa de Valores, dando resultado altamente positivo”. Ela lembra que “com o desemprego, as pessoas desempregadas têm sido assistidas” e que os R$ 600 do auxílio emergencial “têm movimentado a economia”.
“Nós ficamos muito felizes ao ver que temos um homem da estatura do ministro Paulo Guedes, do seu conhecimento, da sua sabedoria, para dirigir a política econômica do país num momento tão complicado, num momento de tantas perdas, num momento tão difícil para todo o planeta. O Brasil, então, destaca-se na política econômica”, afirma. (AF)
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