Politica

Jefferson faz acusações homofóbicas a ministros

Correio Braziliense
postado em 22/07/2020 04:14

Em uma live, transmitida por um canal do YouTube conhecido por apoiar o governo do presidente Jair Bolsonaro, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, fez comentários homofóbicos contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Nas declarações, acusou dois magistrados, mas sem citar nomes, de serem “sodomitas” e que “usam saia pela opção sexual”. A nova manifestação preconceituosa se soma a outras do ex-deputado contra os ministros da Corte. Em uma delas, Jefferson defendeu a destituição coletiva do colegiado, para que outros juristas ocupassem o lugar.
As declarações mais recentes ocorreram na última segunda-feira, em entrevista a um blogueiro conhecido por difundir conteúdo de apoio ao governo Bolsonaro. “Tem dois ministros lá que têm esses gostos (…) tem dois ministros que são meninas. Tem ministros de rabo preso e dois de rabo solto, conhecidos. Um é o (sic) Carmen Miranda, e o outro é Lulu Boca de Veludo (…) e eles querem fazer pauta de gênero, porque eles ainda não encontraram o deles (…) tem dois sodomitas ministros”, acusou Jefferson.


Em um trecho do vídeo, o ex-pivô do Mensalão — escândalo de corrupção no governo Lula que envolveu o PTB — afirma que seria vergonhoso que dois ministros assumissem o homossexualismo. Jefferson, que já cumpriu pena em regime fechado, é investigado no inquérito que corre no Supremo e apura a organização de atos antidemocráticos. Ele chegou a ser alvo de um mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes –– para quem as reiteradas ofensas promovidas pelo ex-deputado ofendem o Tribunal e seus integrantes, “com conteúdo de ódio e de subversão da ordem”.

“Desprezíveis”

De acordo com fontes no Supremo, os novos ataques incomodaram ministros e foram considerados “desprezíveis”. No entanto, a avaliação é de que eventual comentário por parte de qualquer juiz do STF potencializaria o assunto e daria importância ao ex-deputado. “Esse tipo de coisa não vale a pena comentar, pois estaremos dando palco para uma pessoa completamente ensandecida”, disse uma fonte do Tribunal, ouvida sob a condição de anonimato pela reportagem.


Os magistrados esperam que a resposta ocorra por meio da Procuradoria-Geral da República (PGR), que pode denunciar a existência do crime de homofobia, equiparado ao de racismo, além de violação da Lei de Segurança Nacional, por conta dos atos hostis direcionados a uma das instituições de Estado. Nos bastidores, o procurador-geral da República, Augusto Aras, está sendo chamado para dar uma resposta jurídica, solicitando abertura de investigação. Também não está afastada a inclusão de mais estas ofensas de Jefferson no inquérito aberto pelo Supremo para investigar fake news e ataques à Corte e seus ministros. (RS)

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags