Politica

Covid-19: Com cloroquina na mesa, Bolsonaro diz que não é preciso 'pavor'

Presidente, que está com covid-19, afirmou em transmissão ao vivo que se sente bem, que é preciso tomar cuidado, mas que ''não precisa ter pavor no tocante ao vírus''

Em sua tradicional live de quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro voltou a falar sobre o uso da hidroxicloroquina no combate à covid-19, medicamento cuja eficácia não é comprovado cientificamente. Bolsonaro iniciou a transmissão ao vivo com uma caixa do remédio na mesa e, ao responder uma pergunta sobre seu estado de saúde, disse que está “muito bem”. “É lógico que tem que tomar cuidado, mas não precisa ter pavor no tocante ao vírus”, disse. 

Bolsonaro está desde o dia 7 de julho em isolamento no Palácio após testar positivo para covid-19. De lá para cá, o presidente fez outros dois exames que deram positivo. O último foi na segunda-feira (20) desta semana. Nesta quinta-feira (23/7), o presidente foi flagrado conversando sem máscara com funcionários da limpeza nas dependências externas do Palácio da Alvorada. A cena foi captada pelo fotógrafo Adriano Machado, da agência Reuters.

No decorrer da transmissão, o presidente citou o fato de que outros dois ministros, Milton Ribeiro (Educação) e Onyx Lorenzoni (Cidadania) também estão com covid-19 e também estão sendo medicados com hidroxicloroquina. “Deixar bem claro que é uma adesão do médico e do paciente, como foi o meu caso. Não estou recomendando para ninguém. Eu tomei e 12 hora depois estava me sentindo muito bem, e como estou até hoje, graças a Deus”, afirmou.

O presidente ignorou a maior pesquisa brasileira sobre o medicamento divulgada nesta quinta-feira (23) que mostrou que a cloroquina não tem eficácia contra o vírus nas pessoas. Além disso, apesar de ter passado a dizer que não recomenda o medicamento, em diversos momentos nos últimos meses o presidente indicou o remédio para o combate à covid-19. Discordâncias em relação ao protocolo da cloroquina durante a pandemia, por exemplo, foi o que fez com que o ex-ministro Nelson Teich saísse do cargo depois de menos de um mês.

“Está em estudo ainda, mas mais cedo ou mais tarde vai chegar à conclusão no tocante a isso. Agora, quando não tem um remédio claro para atacar o problema, é válido isso daqui”, disse. Bolsonaro voltou a falar de uso de medicamento ‘off label’, que se trata do uso de remédios fora do que é previsto na bula. O termo que foi usado em texto da Associação Médica Brasileira (AMB) compartilhado por ele nas redes sociais

Economia

O presidente afirmou que nestes dias tem acompanhado alguns jornais e observou algumas autoridades do país e fora que disseram que “a pandemia veio para ficar no mínimo até 2022”. “O povo tem que trabalhar, meu Deus do céu. Porque as consequências de não trabalhar vão ser muito piores do que a proporcionada pelo vírus”, disse. 

Afirmações de que os efeitos da pandemia serão piores do que a pandemia em si são ditas pelo presidente há meses, quando ele critica ações de isolamento completo. “Criaram essa política de todo mundo em casa, terror, pavor, multa, vou prender, e destruíram empregos no Brasil”, afirmou. 

Bolsonaro voltou a frisar que é preciso “botar a economia para funcionar”. “Estamos preocupados com vidas, mas o efeito colateral dessa política aí de todo mundo em casa vai matar, se e é que não matou, muito mais gente que o próprio vírus”.