Politica

Bolsonaro: 'Amazônia não pega fogo e há campanha maldosa contra o Brasil'

Apesar do aumento do desmatamento e queimadas, presidente segue discurso do ano passado. Empresários e investidores cobram respostas do governo quanto à degradação

Correio Braziliense
postado em 23/07/2020 23:00
Apesar do aumento do desmatamento e queimadas, presidente segue discurso do ano passado. Empresários e investidores cobram respostas do governo quanto à degradaçãoO presidente Jair Bolsonaro minimizou nesta quinta-feira (23/7) o cenário de desmatamento e queimadas na Amazônia Legal. Enquanto o país é cobrado por redução desses índices, com investidores e empresários pedindo ações enfáticas, o presidente afirmou que “a Amazônia não pega fogo”. “A floresta não pega fogo. É uma campanha maldosa contra o Brasil o tempo todo, porque isso tem a ver com economia”, disse. 

Ao falar sobre economia, Bolsonaro disse que o país é “gigante no agronegócio”, não parou durante a pandemia do novo coronavírus e é responsável por alimentar parte do planeta. Para ele, jornais brasileiros que querem “derrubar o governo” publicam mentiras e a imprensa internacional as replica.

“Pessoal, tem certas regiões que o foco de incêndio vai existir quase todo ano, que é o índio que ‘taca’ fogo. É a cultura deles. Se não ‘tacar’ fogo, não vai ter o que comer no ano seguinte”, disse. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram que o mês de junho foi o com maior número de queimadas no bioma desde 2007. Houve também aumento de desmatamento, tendo sido o mês com maior devastação desde 2015. 

Bolsonaro mostrou durante a transmissão uma imagem que, segundo ele, é da Nasa e que mostraria focos de calor na África, mas não na Amazônia brasileira. “Região Amazônica não tem nada vermelho”, disse.

O governo federal prorrogou recentemente o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na Amazônia para até 6 de novembro deste ano. No último dia 17, o presidente enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei para abrir crédito suplementar no valor de R$ 615,9 milhões, sendo R$ 410 milhões para ações das Forças Armadas na Amazônia Legal, por meio da Operação Verde Brasil 2.

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), que é presidente do Conselho da Amazônia, tem se reunido nas últimas semanas com empresários brasileiros e investidores do exterior para discutir a Amazônia. Empresas do Brasil, sob riscos de sanções e perdas de negócio, começaram a cobrar com mais força uma ação por parte do governo federal para frear a degradação ambiental da Amazônia. 


"Maior que a Europa"

Saiba Mais

Ainda na transmissão, Bolsonaro pontuou que a Amazônia “é maior que a Europa toda” e que "não tem como fiscalizar" tudo. O presidente falou, ainda, sobre o projeto de lei enviado ao Congresso Nacional relativo à regularização fundiária de ocupações em terras da União. A justificativa do governo é que processo ajudará a saber de quem são as terras na Amazônia Legal, o que possibilita identificar os infratores.

“A gente espera que o Congresso aprove, porque isso nos ajuda a não só identificar quem, de forma criminosa, 'tacou' fogo, bem como vai inibir essa prática e vai acabar com essa pressão internacional, que muitas vezes é desproporcional e não verdadeira contra o Brasil”, disse.

O presidente afirmou ainda que em outros países houve mais desmatamento do que no Brasil. “Quando falam em reflorestamento, poderiam começar reflorestando a europa para dar exemplo pra nós, e não querer reflorestar aqui”, disse

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