Correio Braziliense
postado em 24/07/2020 04:12
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin foi denunciado, ontem, pelo Ministério Público, por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica eleitoral. O político é acusado de receber R$ 2 milhões em propina da Odebrecht, para uso na campanha de 2010 ao governo do estado, e R$ 9,3 milhões, em 2014. Os valores, de acordo com a acusação, foram ocultados das prestações de contas dos pleitos. Os repasses, conforme o MP, ocorreram por meios ilegais, inclusive, via doleiros. A defesa de Alckmin afirmou que os fundamentos da peça enviada à Justiça são infundados.
De acordo com o MP, foram criadas estratégias para tentar ocultar os repasses ilícitos e dificultar a descoberta do esquema criminoso. “Os recursos não foram registrados nas prestações de contas do candidato (falsidade ideológica), que solicitou e recebeu vantagem indevida (corrupção passiva), pagas pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht, a partir do emprego de métodos ilícitos, como uso de ‘doleiros’, com o fim de ocultar a origem dos valores e dificultar a possibilidade de seu rastreio (lavagem de dinheiro)”, informou o órgão, em nota. “Esses recursos se destinavam, num primeiro momento, ao financiamento eleitoral indevido (não declarado) e, num momento seguinte, pós-eleições, à manutenção da influência do grupo empresarial junto ao governo.”
Em nota, Alckmin considerou “apressadas” e “infundadas” as conclusões que levaram à denúncia. Ele disse, também, que não foi procurado para dar sua versão sobre os fatos. Os advogados do ex-governador afirmaram que o cliente “responderá aos termos da denúncia seguro de que não praticou qualquer ilícito, até porque nunca recebeu valores a título de contribuição de campanha eleitoral que não tenham sido devidamente declarados”. “Tampouco, praticou qualquer ato de corrupção durante mais de 40 anos de vida pública”, destacou a defesa.
A denúncia alterou a estrutura dentro do PSDB. Alckmin pediu para deixar a coordenação da campanha à reeleição do prefeito da capital paulista, Bruno Covas. “Ele mesmo pediu, para que possa se focar na sua defesa, para se afastar da campanha. Pediu o desligamento da coordenação do programa de governo, e a gente deseja todo o apoio a ele neste momento”, afirmou Covas. “Tenho certeza de que ele vai comprovar a inocência, agora que ele já foi, inclusive, denunciado e parte para uma fase muito mais técnica do processo.”
"As apressadas conclusões do inquérito são infundadas e não encontram suporte nos fatos”
Geraldo Alckmin, ex-governador, por meio de nota
Outros implicados
Além de Geraldo Alckmin, foram denunciados Marcos Antônio Monteiro, tesoureiro da campanha de 2014; Sebastião Eduardo Alves de Castro, ex-assessor; os executivos e apoiadores da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Luiz Antônio Bueno Júnior, Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, Maria Lúcia Guimarães Tavares, Fernando Migliaccio da Silva e Luiz Eduardo da Rocha Soares; e o doleiro e delator Álvaro José Gallies Novis.
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