À medida que o Centrão vai ganhando espaço e protagonismo nas ações propostas pelo Palácio do Planalto ao Congresso, crescem também as divergências dentro do grupo. A razão da disputa, agora, é para saber quem receberá a bênção do presidente Jair Bolsonaro e da bancada governista para a disputa à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ), no comando da Câmara dos Deputados, cuja presidência se encerra em 31 de janeiro próximo.
Líder do bloco e do PP, Arthur Lira (AL), que articulou em nome do governo a votação do novo Fundo Nacional do Ensino Básico (Fundeb), não é o único que está de olho no posto. Dentro do próprio PP, o líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PB), dá sinais de que está na disputa. Já o presidente nacional do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), está disposto a participar da corrida, sobretudo porque contaria com o apoio de dois dos três filhos do presidente –– o vereador no Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro e o senador Flávio (RJ), que pertencem à mesma legenda. A linha de largada, porém, não está completa. Outro nome ventilado como possível candidato, que corre por fora, é o de Fábio Ramalho (MDB-MG), que já tentou a vaga.
Porém, quem transita nos bastidores da Casa tem certeza de que ainda há nomes para entrar na disputa, sobretudo porque Rodrigo Maia quer fazer seu sucessor. Ao Correio, um parlamentar do Centrão garantiu que “ninguém é eleito (à presidência da Casa) sem o apoio do Rodrigo” e que, por isso, os que querem, buscam uma aproximação com o comandante da Câmara.
Dois grupos
Enquanto os nomes não estão claramente postos, o deputado Glaustin Fokus (PSC-GO) negou que haja um racha no Centrão. Mas admitiu que discute-se a formação de uma espécie de “grupo 2”, descolado de Arthur Lira. Há conversas entre o PSL, PSC e PROS nesse sentido.
“A ideia é fazer um grupo, é fazer uma divisão. Trilhar o mesmo caminho (do PP) em ônibus diferentes. Mas continuando na base do governo”, assegurou. Conforme o parlamentar, não há nada construído e não significa que já exista uma divisão dos apoios –– os “liristas” de um lado e os “agnaldistas” de outro.
Em relação ao apoio ao presidente, se fala em uma divisão do Centrão entre os que abraçam as propostas do governo incondicionalmente, e atuam conforme os interesses do Planalto –– os chamados de “puros sangues” (seriam o PP, PSD, PL e Republicanos) –– e outros mais “contestadores”, que dialogam, mas não negociam em pautas que consideram importantes –– que seriam, por exemplo, os parlamentares do Solidariedade, do Patriota e do Avante. (Colaborou Renato Souza)
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