O governo Bolsonaro não tem a educação como prioridade, então não adianta trocar o ministro. É o que afirma o ex-senador Cristovam Buarque, que foi governador do Distrito Federal e titular da pasta, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao CB.Poder — parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília —, ontem, Buarque afirmou que, em comparação com as “caricaturas” que estiveram à frente do MEC durante a gestão atual, o novo ministro, pastor Milton Ribeiro, parece ser melhor.
“Quem faz a educação não é o ministro, é o presidente da República. Eu creio que o atual presidente não tem a menor sensibilidade para a educação, então não adianta mudar o ministro. Mas creio que esse será melhorzinho que os anteriores, que pareciam caricaturas. Esse não parece ser uma caricatura — é cedo para dizer —, mas ele vai ter muitas dificuldades porque o governo não tem prioridade na educação”, avaliou o ex-senador.
Buarque ainda considerou “lamentável” a série de confusões envolvendo o MEC e ministros anteriores do governo Bolsonaro, especialmente as situações que resultaram na saída de Abraham Weintraub. “É lamentável porque essa bagunça nos fez perder tempo. Primeiro a questão da pandemia. Segundo, a falta de manutenção das coisas que funcionavam. E, finalmente, a maior perda de tempo é que não estamos formulando a estratégia para que o Brasil saia do atraso educacional nos próximos anos. Estamos perdendo muito tempo já faz décadas, e agora mais ainda com esse governo”, afirmou.
O ex-ministro também comentou sobre a aprovação do Fundeb. Disse que, caso não fosse aprovado, seria uma tragédia para a educação brasileira. Mas Buarque ressaltou que, mesmo com a manutenção do Fundeb, a área passa por sérios problemas. “Eu tenho uma posição que não é muito popular: sem o Fundeb seria uma devastação, mas com ele ainda não é uma construção da educação que precisamos. Transformamos o Fundef em Fundeb no governo Lula, há mais de 10 anos, e isso não fez com que o Brasil fosse para os melhores do mundo, continua entre os piores”, defendeu.
* Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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