Politica

Ironia no pacto de emprego

Governador Flávio Dino remete a Bolsonaro documento propondo união dos governos federal e estaduais na busca por soluções que diminuam efeitos da falta de vagas causada pela pandemia. Mas foi mal recebido



Jair Bolsonaro começou o dia de ontem criticando o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que propôs um “pacto nacional pelo emprego”, que uniria o governo federal e estaduais, além de empresários e sindicatos, na busca por soluções para a retomada da economia no período pós-pandemia, e estancaria o crescente fechamento de vagas de trabalho. A apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada, o presidente deixou claro que rejeita a ideia, e a ironizou.

“Tem governador agora que quer que eu faça um pacto pelo emprego, mas ele continua com o estado dele fechado”, disse, referindo-se às medidas de isolamento adotadas no Maranhão, em decorrência da pandemia do novo coronavírus.

Pelo Twitter, o governador rebateu dizendo considerar que “o desemprego não é assunto a ser tratado com ironias”. “Espero que o presidente da República leve a sério a urgência de ações efetivas. É impossível tratar do tema no ‘cercadinho’ do Alvorada. Por isso, insisto na ideia do pacto nacional pelo emprego”, postou.

Dino, que é pré-candidato à Presidência da República em 2022, continuou a crítica rebatendo a afirmação de que seu estado esteja em lock down. “O presidente Bolsonaro, além de ironizar indevidamente o tema do desemprego, está desinformado sobre o Maranhão. Estamos com praticamente 100% das atividades econômicas funcionando, há muitas semanas”, disse.

Na última segunda-feira, o governador encaminhou ao presidente um ofício propondo um debate entre governadores, entidades empresariais e trabalhadores sobre um pacto pela retomada da empregabilidade no país. No documento, ele sugere que haja uma reunião, liderada por Bolsonaro, para construir esse acordo, com elaboração de medidas emergenciais.

Desafio
Ainda no ofício, Dino diz que a pandemia impõe aos gestores estaduais um desafio sem precedentes nas áreas sanitária, econômica e humanitária. Ele cita recente entrevista concedida pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, na qual ele adiantou que haverá um crescimento da taxa de desemprego no segundo semestre. “Precisamos planejar com urgência medidas para evitar o cenário projetado pela citada autoridade federal”, afirmou o governador, acrescentando que o momento exige a apresentação de propostas que protejam os pequenos e microempresários.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, ontem, Dino disse que, em razão da pandemia, há uma dificuldade em relação a investimento, gastos governamentais e consumo das famílias, e que tudo isso “empurra a economia para uma brutal recessão”. Ele elogiou o auxílio emergencial de R$ 600 que vem sendo pago pelo governo federal, explicando que ele atenua o cenário de crise social, mas que não é suficiente.

“A ideia do Pacto Nacional é que haja um espaço entre os governadores, o governo federal, as entidades empresariais e sindicais, para que possam apresentar as suas ideias. Cabe ao governo federal gerir a economia. Consideramos que não é nosso papel intervir na esfera de competências; o que nós queremos é auxiliar o país. Nesse momento difícil, todo mundo tem três ou quatro ideias a apresentar. Imagino que seja de grande utilidade ao Bolsonaro poder ouvir essas sugestões, uma vez que o diálogo é um caminho para um bom governo”, afirmou.

“O presidente Bolsonaro, além de ironizar indevidamente o tema do desemprego, está desinformado sobre o Maranhão. Estamos com praticamente 100% das atividades econômicas funcionando, há muitas semanas” 

Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão