Profissoes em pauta

Tecnologia, informação e engenharia ambiental no desenvolvimento mundial

Na avaliação do professor norte-americano Thomas Heller, a educação e os empregos serão completamente diferentes daqui a duas ou três décadas

postado em 29/08/2014 06:00

Prêmio Nobel da Paz, Thomas Heller esteve no Brasil para falar sobre sustentabilidade

O vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2007 ; o professor norte-americano Thomas Heller, especialista em política climática ; avalia que o próximo ciclo de desenvolvimento mundial passará por amplas mudanças tecnológicas. Em entrevista ao Portal da Indústria, Heller destacou que as grandes mudanças estarão condicionadas à organização das informações, da tecnologia e das redes. Ele estima que num prazo de 20 ou 30 anos, o sistema educação e os empregos serão completamente diferentes dos atuais. Confira as principais opiniões do especialista:

O papel da tecnologia

"Quase todo crescimento econômico é originado por mudanças tecnológicas, mas a forma como elas se tornam aptas a serem implantadas na economia demanda mudanças importantes na organização dos negócios, nas instituições, nas políticas e nas finanças, nunca acontecem por elas mesmas."


Três mudanças

"Agora, penso que são três as maiores mudanças em curso nesse momento inicial de uma nova história. A mais importante é o crescimento da informação, da tecnologia e da rede. A segunda área é a de ciência dos materiais, que está trazendo invenções e o desenvolvimento de novos mecanismos capazes de operar com muito mais eficiência e mais formas de segurança do que no passado. E, finalmente, a área que apresenta as principais mudanças é a de engenharia biológica, que tenta entender a fundamentação da estrutura da química orgânica e como reorganizar artificialmente o campo da genética ou outras formas de aplicação da rede biológica, com a abordagem da informação e da tecnologia."

Google

Às vezes, eu digo que a mais importante empresa de energia "atualmente é a Google, porque as mudanças não vêm nem tanto pela energia, mas pela forma como se organiza a informação e o sistema de comunicação, como se controla o tráfego com o Wase ou a forma com que a gente controla nossas casas. Portanto, penso que estamos na fase inicial da aplicação de um sistema de dados, de controle múltiplo e instantâneo de sistemas de comunicação e de inteligência artificial".


O futuro


Daqui a 20 ou 30 anos, quase nada vai parecer como hoje. Nem os empregos nem as finanças nem o sistema de educação. Em 20 ou 30 anos, vamos ver coisas que estão começando agora a serem transformadas por uma aplicação após a outra na sociedade, mas o maior problema é a velocidade com que isso tem acontecido, os locais onde estão começando e quão rápido estão sendo difundidas pelo mundo. O futuro é claro. A questão é como chegarmos lá.

Sustentabilidade

"A produtividade dos recursos naturais, ;como fazemos agricultura para produzir comida; ou ;como fazemos nossa energia;, é algo que não temos como reiniciar. No entanto, podemos obter melhores informações para o aumento da produtividade, buscando como trazer nutrição para as plantas, como levar água para irrigação da agricultura, como usar energia de forma eficiente para obter sistemas artificiais. Então, os impactos desses sistemas de rede são necessários para reduzir a demanda ou aumentar a eficiência".

Mudanças climáticas

"Tenho baixas expectativas [em relação à conferência da ONU para mudanças climáticas de Lima, a COP 20, no fim deste ano, e para a de Paris, a COP 21, em 2015]. Acho que o mundo trabalhou muito pesado para evitar grandes fracassos como o de Copenhagen, como vimos na COP 15, em 2009. Acho que as pessoas aprenderam que esse tipo de prosseguimento falha. Na verdade, o processo de mudança desacelerou. Então, acho que vão ter mais cuidado para não prosseguir com falhas. Por outro lado, não espero que nada aconteça que cause sérias mudanças no trajeto dos negócios e governos. Imagino que continuarão as mesmas promessas de transferir dinheiro para países pobres do mundo. Mas não é o dinheiro que verdadeiramente vai trazer mudanças no que já está acontecendo. Os Estados Unidos, por exemplo, estão aumentando o uso de gás natural para atender as leis. Mas estão longe de uma nova política que tenha impacto na mudança de comportamento. Eu espero muito pouco".

Com informações do Portal da Indústria

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