Profissoes em pauta

Todo empreendedor é um heroi com visão além do alcance

Mais do que uma boa ideia na cabeça, quem sonha em abrir uma empresa precisa de características como organização, espírito de liderança e disposição para o trabalho

postado em 15/09/2014 06:00

Os sócios Airton e Nice Xavier, com Daniela Pires

Ser um empreendedor é apostar no futuro. Na avaliação do professor de empreendedorismo do Insper Marcelo Nakagawa, o que diferencia uma pessoa com talento para negócios é sua capacidade de enxergar além dos obstáculos e insistir em atividades que, algumas vezes, só terão resultados em alguns anos.

;Além de proativo, um bom empreendedor tem de ser visionário, com a capacidade de enxergar para frente o que vai ocorrer em quatro ou cinco anos", defende. "Também precisa ter a capacidade de identificar problemas e, a partir deles, enxergar oportunidades para propor algo diferente e inovador.;

Conhecimento sobre gestão, flexibilidade, persistência e disposição para o trabalho também são características indispensáveis àqueles que querem se aventurar no mundo no negócios. Uma boa dose de organização e espírito de liderança também contribuem para quem sonha em deixar a carteira de trabalho de lado e virar o próprio patrão.

Para o professor do Ibmec-MG João Bonomo, especialista em relações de trabalho e negociação, o bom empreendedor deve conhecer o mercado no qual irá atuar, ter capacidade gerencial e ser uma pessoa capaz de fazer relacionamentos com os demais gestores das empresas que estão no mesmo ambiente. Segundo ele, é preciso ;ser resiliente, comprometido com o propósito do empreendimento, buscar sempre melhorar algum ponto do negócio e ser atuante no ramo de atividade da empresa.;

Apesar da necessidade de aliar muitas dessas características, o empreendedor não precisa ser um sabe-tudo. Muitas vezes, a determinação e a disciplina serão as responsáveis por consolidar o despertar de algumas competências. Para os especialistas ouvidos pelo Correio, entretanto, há um ponto unânime: a necessidade de buscar capacitação.

"O empresário deve estar sempre atualizado e ter um espírito inovador. O desenvolvimento das competências de um empreendedor tem estreita relação com o grau de comprometimento com seu negócio", avalia o diretor-técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Nacional, Carlos Alberto dos Santos.

Senso de oportunidade


Mais do que ter um bom produto, é preciso saber vender. Com essa ideia em mente, os irmãos Nice Guimarães Xavier, 41 anos, e Airton Guimarães Xavier, 32, resolveram comprar parte de uma empresa que estava prestes a fechar com um objetivo: fazê-la dar lucro.

A dupla sempre sonhou em ter um negócio próprio e pensava, inicialmente, em abrir um restaurante ; já que ambos gostam de cozinhar. Foi quando surgiu a oportunidade de serem sócios de uma empresa de doces finos. "Fizemos a proposta de comprar parte da loja e a antiga dona aceitou", diz Nice, referindo-se à terceira sócia, Daniela Pires. ;A gente sabia que o produto era muito bom, só precisava ser divulgado".

Apostando no potencial do negócio e com a ajuda de uma boa rede de relacionamentos, os sócios começaram a entrar no mercado de casamentos e grandes eventos. "Analisando o mercado e a qualidade dos doces, vimos que o mais adequado era focar nossa produção para casamentos e festas em geral."

O trio também resolveu mudar a forma de se relacionar com os clientes, buscando um atendimento diferenciado e fora do horário comercial. Já no primeiro mês sob nova direção, a empresa fechou as contas no azul. Em três meses, atingiu a meta financeira traçada para o primeiro semestre de atividade.

"Além do network, investimos na área comercial com foco nas vendas", explica Nice. "Implementamos rotinas de produção, reorganizamos a cozinha e diminuímos os custos, comprando produtos em maior quantidade e de grandes fornecedores".

Os bons e rápidos resultados não vieram à toa. Cada um dos sócios tem um perfil bem distinto, mas complementar. Airton cuida da parte administrativa, Nice é a especialista na área comercial, enquanto Daniela cuida da produção. Além disso, Nice sempre teve interesse pelo tema negócios, fez cursos no Sebrae e foi professora de empreendedorismo em uma escola profissionalizante na Asa Norte.

Atualmente, a marca produz 5 mil doces por fim de semana. E para crescer ainda mais, os sócios contrataram uma consultoria especializada e estão investindo na elaboração de um planejamento estratégico. "Quando a gente começou, focamos apenas em vender. Agora, está na hora de dar um novo passo", analisa Nice.

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