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Banda larga para o sagrado

Igrejas descobrem o poder de congregação da internet e firmam presença nas redes sociais. Possibilidade de conexão direta com o fiel é apontada por sacerdotes como a principal característica da religiosidade on-line

postado em 16/07/2010 13:57

Por Rafael Campos
Pastor Caio Fábio: web-TV com programação diária

As religiões querem espalhar a ;palavra; e, para isso, todos os meios são válidos. A forma mais comum ainda é o contato direto. Todos os dias, em templos, salas e até nas ruas, homens e mulheres exercitam a oratória para divulgar os preceitos de suas crenças. Entretanto, não só pela necessidade de aumentar o rebanho, mas pela velocidade em repassar as informações, diversas igrejas têm apelado à internet. Hoje, o verbo divino pode ser acessado em sites especializados, cultos on-line e consultas por e-mail.

;A Igreja tem a missão de evangelizar anunciando Jesus Cristo às pessoas. Assim como ela usou através da história vários instrumentos para esse anúncio, também hoje, com as novas situações e ferramentas digitais, estaríamos omissos se não estivéssemos presentes também nesses novos caminhos;, explica dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro e presidente da Comissão Episcopal para Cultura, Educação e Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A instituição católica é uma das que mantém uma forte relação com a web, difundindo os ensinamentos do Senhor e o trabalho dos sacerdotes.
De acordo com o clérigo, a pregação virtual tem a vantagem de chegar mais facilmente aos não católicos. ;Não existe um grupo específico para atingir. Cada responsável por um dos portais recebe acessos daqueles que têm interesse naquele tipo de abordagem. Com a internet, o relacionamento se universalizou e chega mais próximo de pessoas que, talvez, pessoalmente, não teriam como abordar um assunto ou questão;, conta dom Orani.

O braço on-line das igrejas é democrático e seus custos de manutenção, módicos, como observa o pastor José Carlos da Silva, presidente da Convenção Batista Nacional (CBN). ;A internet se torna um canal de informação mais rápido para o fiel. Ele não precisa mais esperar até o domingo para conversar sobre as dúvidas. Basta enviar um e-mail para o seu pastor.;

Muitas paróquias aderiram à tecnologia para estreitar a comunicação com o público jovem. A nova geração de pastores já usa o Orkut, o Facebook e outras redes sociais como ferramentas de trabalho. ;Muitos usam YouTube para divulgar vídeos dos cultos e blogs, para os textos. Eles querem ser lidos e ouvidos;, explica José Carlos. ;Mas, claro, nada substitui a liturgia.;

;Todas as quartas-feiras, temos reuniões para juntar esses jovens que vêm pela primeira vez ao culto. Assim eles fazem novas amizades, conhecem melhor a palavra de Deus e tiram as dúvidas sobre ela;, conta Sílvia Trigo, da Bola de Neve. A igreja evangélica neopentecostal foi fundada no Rio de Janeiro, em 2000, pelo apóstolo Rinaldo Luís de Seixas Pereira. A instituição é famosa por reunir em suas hostes surfistas e artistas de diversos ramos. A pregação, inclusive, é habitualmente realizada em cima de uma prancha de surf.

Canal da fé
O pastor Caio Fábio transformou a internet no seu meio de continuar a difundir o evangelho. Fundador da Visão Nacional de Evangelização (Vinde), ele já havia trabalhado com todos os meios de comunicação disponíveis até se fixar na web. ;Uso a rede desde o fim dos anos de 1980 para fins de pesquisa e todas as instituições evangélicas que eu presidi tiveram site. Mas nunca usei nenhum deles. Só fui escrever na internet em 2003 e foi aí que vi que ela era um mural das dores de milhões de pessoas que precisavam de orientação.;
Além do portal, no qual posta suas reflexões, ele mantém a Vem e Vê TV, canal web produzido em sua própria casa, no Lago Norte. Com a ajuda de voluntários, ele transmite três horas de programação diária. ;A filosofia da internet é a mesma do evangelho: tudo tem de ser de graça. Se a internet existisse quando eu tinha 18 anos, teria pastoreado milhares de pessoas a mais;, acredita.


Igrejas descobrem o poder de congregação da internet e firmam presença nas redes sociais. Possibilidade de conexão direta com o fiel é apontada por sacerdotes como a principal característica da religiosidade on-lineO Papa é pop
Bento XVI não se intimidou com as limitações de seus 83 anos e, em 2009, exigiu o lançamento de um canal que o aproximasse da ;geração digital;. O site Pope2You (O Papa para você, em tradução livre), além de permitir o envio cartões virtuais aos amigos, mantém links para os recursos interativos do Vaticano, que são:
Facebook ; o widget pode ser adicionado ao seu perfil do Facebook, mantendo um fácil acesso aos links do Vaticano. Há também a possibilidade de receber notificações, por e-mail, das novidades;
IPhone ; o aplicativo para o celular faz o usuário receber notícias com vídeo, áudio e texto;
YouTube ; link para o canal do Vaticano. O usuário/fiel ainda pode assiná-lo e receber notificação sempre que novos vídeos forem postados.

O link é o


Ouras ondas

Diversas outras religiões se valem da rede para difundir suas crenças. O site e-Dharma (), por exemplo, é focado nos ensinamentos budistas. O sítio pretende ser uma opção para aqueles que, por algum motivo, não podem frequentar um templo físico. São oferecidos vídeos, arquivos de áudio e textos para reflexão. Os cursos on-line são pagos.

Para os judeus, o Beit Chabad (, site que possui páginas em diversos países do mundo, é uma grande fonte de pesquisa e leitura. É possível aprender o significado de vários rituais, práticas e sacramentos judaicos.Há também uma biblioteca virtual, separada por tópicos, com textos que já foram postados no site, um glossário de palavras e expressões e uma sessão de perguntas e respostas.As crianças também podem interagir, pois há conteúdo exclusivo para elas.

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