Rayanne Portugal // Especial para o Correio
Gina Galvão, 43 anos, sempre adorou usar maquiagens. Desde a juventude, a cabeleireira não dispensa lápis e rímel para deixar os cílios volumosos e esmaltes vibrantes para as unhas. Há quatro anos, no entanto, Gina teve uma surpresa ao ter uma sensação de sufocamento após pintar as unhas. ;Em menos de uma hora depois de usar o esmalte, senti minha garganta fechar. Meus olhos ficaram irritados e minhas pálpebras inchadas. Minha boca ficou coberta de bolhas, inclusive internamente. Só melhorei depois que removi o esmalte.; O episódio fez com que Gina descobrisse que era alérgica. ;Me surpreendi com a reação porque sempre pintei as unhas, já usei todas as marcas e nunca tive nada parecido. Me tornei uma pessoa alérgica de uma hora para outra;, conta Gina.
[SAIBAMAIS]Não é um caso incomum. Várias mulheres descobrem ser alérgicas após anos usando o mesmo cosmético. Segundo a dermatologista Luisimara Garcia, uma alergia só se manifesta depois do consumo continuado de determinada substância. ;Ninguém se torna alérgico depois de usar um produto uma única vez. O corpo leva um certo tempo para entender uma substância como perigosa e começar a rejeitá-la. Uma alergia não é nada mais do que o sistema imunológico agindo, tentando expulsar algo que entende como nocivo;, explica a médica.
A irritação na pele causada por algum agente externo é denominada dermatite de contato. A dermatite pode se apresentar de duas formas: irritação primária ou alérgica. A primeira ocorre pelo contato com irritantes que são capazes de provocar dano imediato à pele. ;Normalmente, quando se retira o irritante, a sensação ruim passa sem danos maiores. Isso costuma acontecer quando mulheres usam muito creme anti-idade adicionado de ácidos;, explica Luisimara. Quando a dermatite se apresenta na forma alérgica, a paciente deve interromper o uso do produto de forma permanente. ;Diferentemente da simples irritação, a alergia pede vigilância constante para que o alérgico não entre em contato com a substância repetidamente. Caso contrário, ele sempre terá uma nova crise alérgica, que costuma se manifestar de forma mais agressiva com o passar do tempo.;
;Deixar de fazer as unhas? Parar de usar rímel? Impossível;, pensou Gina, ao ter certeza de que tanto o esmalte quanto o rímel que usava de fato desencadeavam reações alérgicas. A opção indicada à cabeleireira foi aderir aos cosméticos hipoalergênicos, que são desenvolvidos com o menor número possível de materiais potencialmente alergênicos. Substâncias irritantes e de ação comedogênica (aquelas que obstruem os poros) são excluídas, assim como conservantes e aromas sintéticos. Fabricantes procuram abolir de suas fórmulas cerca de 100 substâncias já conhecidamente irritantes. Seus produtos são testados para garantir um baixo índice de reações alérgicas. Todos os testes e resultados são submetidos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para autorização da comercialização do produto. Por exigência da Anvisa, as rotulagens de produtos hipoalergênicos deverão apresentar, obrigatoriamente, a expressão ;este produto foi formulado de maneira a minimizar possível surgimento de alergia;.
Verônica Oliveira, 49 anos, levou quase um ano para descobrir que a causa para os olhos inchados e vermelhos era o esmalte. No ano 2000, Verônica procurou alergologistas. ;O médico disse que eu não devia passar tanta porcaria no rosto ; logo eu, que uso pouca maquiagem;, brinca Verônica. ;Ele me receitou vários remédios que ajudaram, mas que nunca eliminaram de vez a alergia no rosto.; Só no fim daquele ano, Verônica descobriu a causa. ;Minha dermatologista me avisou que se eu quisesse manter o hábito teria que recorrer a esmaltes hipoalergênicos, que na época eram caros e pouco variados. Valeu a pena. Hoje, temos mais opções nos mercados e farmácias.;
- Fique atento ao uso de demaquilantes e sabonetes para limpeza. Muitas vezes são eles, e não as maquiagens, que causam alergia.
- Cuidado também com pincéis, esponjas e aplicadores. Se não estiverem limpos e secos, podem causar alergia devido à presença de fungos e bactérias.
- Verifique a validade de suas maquiagens.
- É comum que mulheres alérgicas desenvolvam novas alergias a diferentes maquiagens ao longo do tempo, mesmo àquela velha companheira que não sai da sua bolsa.
- Existem pessoas que podem desenvolver alergia à maquiagem mineral, mesmo esta sendo natural. Se a pessoa tiver predisposição à alergia, é importante fazer o teste de contato caseiro.
- Coceira e ressecamento podem indicar falta de hidratação e não alergia. Além disso, pele oleosa também pode ser alérgica.
- Evite usar maquiagens sem descrição da composição no rótulo. Caso tenha uma crise alérgica, essa informação é essencial.
- Procure produtos que não obstruem os poros ; os cremes e pós não comedogênicos. Assim, a pele respira melhor e previne-se o aparecimento da acne e do suor.
- Quando ocorrer uma crise alérgica, observe como se dá a irritação, quando ocorre e após qual cosmético ela começou. Isso vai ajudar seu médico a identificar a substância alergênica.
- Evite sair ao sol quando a pele estiver irritada.
- Dê preferência a produtos sem fragrância. O perfume, assim como os corantes e conservantes, são altamente irritantes.