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As sutilezas do branco

Como identificar qual tipo de leite está servido à mesa? Aprenda as diferenças entre o integral, o semidesnatado e o desnatado, e não tenha dúvidas na hora das compras

Com café, com achocolatado, com frutas ou até mesmo puro. Seja como for, o consumo de leite faz parte da rotina do ser humano desde o nascimento. Os principais nutrientes da bebida (sobretudo o cálcio) são muito importantes para um desenvolvimento saudável. Mas você saberia identificar as diferenças entre o leite semi-desnatado, o desnatado e o integral? E quanto às classificações A, B e C? Com a ajuda de uma especialista, a Revista tira essas e outras dúvidas a respeito desse alimento essencial.

O primeiro contato do ser humando com o leite é também o passo inicial para o crescimento saudável. De tão importante no desenvolvimento infantil, o leite materno é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) até os dois anos de vida. Ele é rico em lipídeos, enzimas, proteínas, vitaminas, carboidratos, minerais e imunoglobulinas (anticorpos), que protegem o bebê de várias doenças. Depois da amamentação, o leite de vaca entra em cena de acordo com os hábitos de cada família. Nessa transição, os pequenos não devem ter o consumo interrompido. "É importante para o desenvolvimento do corpo deles", esclarece a nutricionista Fernanda Damas.

Independentemente da quantidade ingerida, é importante reconhecer as características da bebida. Mas, diante das opções oferecidas no supermercado, como escolher a ideal para a saúde? O leite de vaca, sem dúvida o mais consumido no Brasil, pode ser pasteurizado ou longa vida (UHT). A diferença entre os dois é o processo de tratamento, que permite ao longa vida ser estocado por até seis meses sem refrigeração. O pasteurizado deve ser mantido na geladeira. Não é difícil identificar essas diferenças, exibidas em destaque nas embalagens.

Ambos os tipos podem ser classificados como A, B ou C, de acordo com a qualidade do produto. A denominação é baseada nas normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A composição nutricional dos três tipos é praticamente a mesma, o que muda é o processo pelo qual passam até a comercialização.

Para ser classificado como tipo A, o leite tem de ser de um só rebanho, não pode passar por processo manual e a quantidade máxima de bactérias permitida é de 500/ml. É denominado tipo B o leite retirado de rebanhos diferentes, que passe por ordenha manual ou mecânica e que seja aquecido numa temperatura inferior à do tipo A. Até 40.000 bactérias por mililitro permitidas na composição após o processo. Para ser considerado do tipo C, a bebida pode ter a mesma origem e forma de ordenha do tipo B, mas não é refrigerado na propriedade rural. O leite vai para uma indústria poucas horas após ser coletado, seguindo os prazos estabelecidos por lei. Tal processamento, porém, aumenta a quantidade de bactérias, que podem chegar a 100.000/ml.

Tanto o leite pasteurizado como o longa vida (UHT) podem ser encontrados nas formas integral, semidesnatado ou desnatado. A classificação dos tipos é feita de acordo com a gordura presente na bebida. O integral tem, no mínimo, 3%, enquanto o semidesnatado e o desnatado, mais magros, têm de 0,6 a 2,9 % e, no máximo, 0,5 % de gordura, respectivamente. Diante das características, como saber qual o ideal para comprar? Segundo Fernanda Damas, o leite desnatado, por exemplo, é indicado para quem tem colesterol alto. No entanto, a nutricionista recomenda que um especialista seja consultado quando houver dúvida, já que a alergia ao leite é comum e, em alguns casos, é preciso cortar de vez o alimento da dieta.

De intolerância à lactose (açúcar do leite), o servidor público André de Matos, 30 anos, entende. Antes de 2007, tinha o hábito de tomar iogurte diariamente no café da manhã. Só quando as reações como o enjoo e a diarreia aumentaram, ele procurou um especialista e descobriu que teria de pensar duas vezes antes de ingerir produtos com a substância. Desde então, André eliminou o leite e seus derivados e tenta substituí-los do ponto de vista nutricional. "Evito o quanto posso, a não ser que ocorra por acidente, sem eu saber. Até em pizzarias peço sem queijo", conta. Segundo o servidor público, a falta de informações precisas nas embalagens ainda é um problema.