Paulo Marques, 59 anos, aguarda ansioso o dia 31 de dezembro. A participação na tradicional corrida de São Silvestre é a linha de chegada, sua meta pessoal, conforme mostramos na primeira parte desta reportagem, publicada em 29 de agosto. Na ocasião, o executivo de coaching já estava recuperado da cirurgia de ponte de safena que o pegou de surpresa em julho de 2009. Agora, ele conta com o apoio de uma equipe de profissionais da saúde para dar início ao treino pra valer.
;Eu já vinha mantendo uma rotina de exercícios desde a época da cirurgia. Mas, para começar de fato o treinamento, tive de fazer uma bateria de exames para certificar que tudo estava bem;, explica. Ao procurar o médico para ter certeza de que sua saúde está bem, o executivo deu um exemplo.
De acordo com o cardiologista Vagner Nogueira Amorim, que atendeu o paciente nesse segundo momento da sua preparação, qualquer pessoa que pretenda dar início a uma atividade física deve procurar um especialista. ;Alguns problemas não são visíveis e só são descobertos com os exames. Para quem é mais jovem e sem nenhuma patologia, quase não há riscos. Mas para homens a partir dos 50 anos, a avaliação é indispensável.;
O cardiologista afirma que Paulo está apto para os treinos, com condições clínicas boas e sem riscos cardiovasculares. Com os resultados dos exames, que incluíram eletrocardiograma, teste de esforço, além de raios x torácico e o aval do médico, o treinador do executivo, Marcel Huthmacher, agora prepara o cronograma do atleta até o dia 31 de dezembro. Sabendo que o ritmo cardíaco de Paulo Marques é de, no máximo, 136 batidas por minuto (bpm), o treinador vai se basear na literatura sobre a corrida para definir a carga de exercícios.
;O que priorizamos é a segurança e, hoje, temos muitos escritos sobre o esporte. Mesmo atletas profissionais têm restrições e é preciso ficar atento a elas. Como os batimentos cardíacos dele não podem ultrapassar 136 bpm, vamos fazer um treinamento intercalado. O objetivo é conseguir com que ele corra os 15 km da São Silvestre sem caminhar;, afirma Marcel.
O número de batimentos é medido pelo teste de esforço, que dá informações sobre como o coração do paciente trabalha sob estresse físico. Marcel afirma que, para trabalhar com grandes distâncias, o importante é manter o corpo sem nenhum deficit de oxigênio, o que pode acontecer caso o coração de Paulo bata mais de 136 vezes em um minuto.
Até o momento, o executivo pratica, diariamente, 50 minutos diários, alternando nove de caminhada com um de corrida. ;E, depois, faço 40 minutos de musculação.; Nesses 45 dias que suscederam a primeira conversa, ele ainda participou de uma competição, em que correu 5 km. Porém, a meta de concluir a São Silvestre não poderia ser alcançada se ele também não cuidasse da alimentação.
E, nesse ponto, Paulo também recorreu à ajuda profissional. A nutricionista Larissa Cerqueira, responsável por sua dieta, garante que, agora, o principal é fazer com que ele perca gordura e ganhe massa muscular. ;Vamos buscar um equilíbrio na alimentação. Ele já tinha uma boa ideia do que comer. Agora é fazer com que ele perca peso, sem perda de massa muscular.; Para isso, agora o cardápio do executivo está recheado com alimentos integrais, principalmente pães. Houve ainda aumento no consumo de proteínas, com carnes magras, e redução do sal, para previnir a hipertensão.
;Ele também vai priorizar frutas e hortaliças, além de se manter hidratado;, conclui. A nutricionista lembra que todo exercício físico deve vir acompanhado de reeducação alimentar. ;Quem não tem uma boa alimentação corre o risco de desidratar e perder massa muscular;, alerta. Paulo, que está com 85kg, deve reduzir 5 quilos até dezembro. ;E o treino mais barra pesada começa no dia 15. Mas, fazer os exames mostrou que eles funcionam como um alerta de problemas que possam acontecer e você, às vezes, nem sabia. Isso só ajuda o exercício e faz com que busquemos uma maior qualidade de vida;, resume o executivo.
Histórico complicado
No dia 18 de julho de 2009, o executivo de coaching Paulo Marques, após participar de uma regata, sentiu fortes dores, que findaram na mesa de cirurgia, quando ele teve de colocar quatro pontes de safena. O que seria um atestado de medo para alguns foi um fôlego extra para o jovem senhor de 59 anos. Ele, que voltara a praticar exercícios físicos, decidiu participar da corrida de São Silvestre, a mais tradicional do país. A Revista acompanhará seu treinamento até a chegada da São Silvestre.