Noah, um simpático maltês de 5 anos, estava com alguns sintomas de estresse e apatia. Sua dona, a bancária Gláucia Mendonça, 25 anos, lembra que ele apresentava comportamento estranho e tinha dificuldades para realizar tarefas simples do dia a dia. ;Ele não parava de lamber a patinha, dava para perceber que estava acontecendo alguma coisa, mas eu não conseguia identificar o que era. Além disso, ele parou de brincar. Eu jogava a bolinha e ele não buscava, parecia estar sempre cansado.;
O cão estava sofrendo de catarata precoce. Após o diagnóstico, Gláucia procurou um serviço especializado para garantir um bom tratamento. ;É melhor procurar um profissional com experiência em doenças oculares. Eles têm aparelhos para fazer exames mais precisos. Com os resultados, foi possível saber se Noah ia voltar a enxergar ou não,; acrescenta.
Felizmente, após a cirurgia e o tratamentos com colírios, Noah recuperou a visão. Gláucia conta que ele voltou a ;ser criança;. ;Agora ele não para de brincar, voltou a ser o cachorrinho feliz de sempre;, comemora. As recomendações para Noah, agora, são as mesmas para qualquer animal de estimação: visitas periódicas ao veterinário, alimentação correta e passeios à vontade. ;O veterinário explicou que é muito importante não dar comida que não seja ração para o cachorro. O açúcar presente nos alimentos comuns pode facilitar o desenvolvimento de diabetes, o que traria consequências para a vista dele.;
De acordo com o veterinário Leandro Arezalo, sintomas como vermelhidão, excesso de secreções, coceiras e dificuldade em encontrar objetos, associados a comportamento diferente do habitual do cão, sinalizam algum problema ocular. Entre as doenças mais comuns, ele cita, a catarata, a úlcera de córnea, as uveítes e o glaucoma. ;A maioria dessas doenças tem tratamento e, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de cura. O ideal é procurar um profissional ao primeiro sintoma,; ensina.
O veterinário Luiz Gustavo Silveira alerta para o risco de tratar o animal por conta própria. Ele explica que é comum que a uveíte, por exemplo, seja confundida com conjuntivite. ;Esse erro pode ser cometido até por veterinários, daí a importância de sempre procurar um profissional de confiança, e nunca tratar dos bichos sem prescrição médica.;
De acordo com ele, a uveíte é uma doença intraocular causada por deposição de anticorpos formados por outros males. ;Ela se manifesta quando o cachorro está com alguma doença, que infecta o sangue e, por consequência, o olho. Por isso, é fundamental tratar a causa. Colírios são importantes, mas sozinhos não resolvem o problema,; alerta.
Luiz Gustavo explica que o glaucoma, entre as doenças oftalmológicas, é a mais difícil de detectar. ;Ele vem de forma silenciosa, é muito difícil o dono perceber. A única forma de prevenção é fazer, a cada seis meses, o exame que verifica a pressão ocular.; Segundo ele, o glaucoma pode ser rápido e trazer consequências irreversíveis. ;Após 30 horas submetido a uma alta pressão ocular, o cão pode perder a visão.;
Hereditariedade
Outro fator que contribui para o aparecimento das doenças oftalmológicas em cães está ligado à genética. No caso dos cocker spaniels Maila e Horus, a tendência de desenvolver catarata foi herdada da mãe. O jardineiro Jerônimo Ciro, 34 anos, conta que foi fácil identificar os sintomas dos bichinhos porque já havia passado por essa experiência quando cuidava de Helena, mãe dos dois. Maila e Horus estão com 6 e 8 anos, respectivamente. Jerônimo conta que os dois começaram a apresentar muita secreção nos olhos há dois meses. ;Eu percebi que eles estavam produzindo muito muco. Normalmente, eu limpo os olhinhos deles pela manhã e se mantêm limpos. Com a doença, após uma hora, eles já estavam cheios de remelas de novo.;
Como a doença foi percebida logo na fase inicial, Jerônimo evitou que os cães tivessem que passar pela cirurgia. O tratamento foi à base de colírios. ;Primeiro, eu tinha que pingar o colírio de 12 em 12 horas; depois, uma vez por dia e, agora, a cada 36 horas. O tratamento todo vai durar seis meses, mas vale a pena. Tudo pelo bem estar deles.;
Doenças, sintomas e tratamentos
- Catarata: é uma opacidade no cristalino, mais comum em cães mais velhos. Em casos severos, pode levar à cegueira.
Sintomas: o cachorro perde o senso de orientação. A doença causa inflamação. Por isso, os olhos produzem mais muco. Além disso, a pupila do animal fica clara e opaca.
Tratamento: cirurgia. Antes da cirurgia, é importante fazer exames de ultrassom ocular e eletroretinografia. Eles fornecem informações necessárias para saber se o animal vai recuperar a visão após a intervenção cirúrgica.
- Úlcera de córnea: é causada por traumatismo decorrentes de arranhões, algum corpo estranho ou o xampu.
Sintomas: o cachorro fica com os olhos fechados e passando a patinha para tentar coçar. Além disso, apresenta fotofobia.
Tratamento: colírio antibiótico e anti-inflamatório.
- Glaucoma: caracteriza-se pelo aumento da pressão intraocular. A doença pode levar à cegueira em poucas horas. Existe o risco de ser confundida com conjuntivite. Para distinguir, é necessário fazer um exame que mede a pressão ocular.
Sintomas: pupila dilatada e olhos vermelhos.
Tratamento: colírios que melhorem a drenagem dos olhos.
- Uveíte: manifesta-se quando o cachorro tem outra doença, como, por exemplo a erliquiose ; um mal transmitido pelo carrapato. Também é grande o risco de ser confundida com conjuntivite. Pode levar à cegueira.
Sintomas: olho vermelho, pode ter sangramento intraocular e deslocamento de retina.
Tratamento: é fundamental identificar a causa primária da doença e tratá-la. O colírio ajuda a amenizar os efeitos da doença nos olhos do animal, mas não cura.
Agradecimentos: Clínica Veterinária Personal Dog e Link Vet Ophthanimal