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Campeões de venda condenados

Veja a lista de alguns medicamentos que, depois de serem comercializados em larga escala, foram retirados das prateleiras das farmácias

postado em 28/10/2010 18:16

SIBUTRAMINA
Veja a lista de alguns medicamentos que, depois de serem comercializados em larga escala, foram retirados das prateleiras das farmácias
1996 ; Neste ano, a Abbot lança a sibutramina (nome de fantasia: Plenty) como a arma mais potente no controle da obesidade. Posteriormente, outros laboratórios lançam remédios com o mesmo princípio, como o Reductil. A substância aumenta a sensação de saciedade e, ao mesmo tempo, acelera a queima de gordura.

Setembro de 2010 ; Estudos científicos confirmam que medicamentos com a substância sibutramina podem aumentar a pressão arterial e os batimentos cardíacos. O produto tem a venda suspensa nos Estados Unidos, Canadá e Austrália. No Brasil, a Anvisa impõe mais restrição ao consumo: o remédio passa para a categoria de psicotrópico, com tarja preta na embalagem, só pode ser vendido com retenção de receita e prescrito por médicos endocrinologistas. Com as novas regras, a comercialização cai à metade. Até janeiro, eram vendidas 520 mil caixas. A partir de abril, passa a 210 mil, segundo a consultoria IMSHealth Brasil.


AVANDIA
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1999 ; O laboratório Glaxo SmithKline lança o Avandia, produto para controle do nível de glicemia em pacientes com diabetes tipo 2, adquirida na vida adulta. O uso deve ser associado à prática de atividades físicas e dieta.

Setembro de 2010 ; Sob suspeita de provocar danos cardiovasculares, o governo brasileiro de países da Europa proibiram a comercialização do medicamento. Nos Estados Unidos, a venda está restrita.

ACOMPLIA
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2007 ; Lançado no mercado europeu e brasileiro como um produto definitivo para o tratamento da gordura visceral (indicado para a obesidade abdominal e ajudar a perda de peso, sendo a melhor forma de prevenção de doenças cardiovasculares).

Outubro de 2008 ; É retirado do mercado pelo próprio laboratório, Sanofi-Aventis. Estudos mostraram que a ação do rimonabanto (princípio ativo do remédio) dobra o risco de distúrbios psiquiátricos, como a depressão

ARCOXIA de 120 miligramas

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2002 - A MerckSharp lança o anti-inflamatório injetável para tratamento de artrose, artrite reumatoide e dores crônicas. É mais um produto da linha de inibidor do COX-2.

Outubro de 2008 - o Ministério da Saúde anulou o registro da apresentação de 120mg, sob alegação de que o produto causa distúrbios hepáticos. As versões de 60mg e 90mg continuam no mercado, mas as bulas do Arcóxia trazem a informação de que o produto traz riscos cardiovasculares.

VIOXX
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1999 ; É anunciado pela MerckSharp como um dos remédios mais eficazes para tratar a dor das vítimas de artrite. Um dos primeiros medicamentos de uma nova classe de anti-inflamatórios, os inibidores da enzima COX-2, ele prometia acabar com a dor sem os efeitos colaterais dos remédios antigos, como distúrbios digestivos.

2004 - Depois de um alerta do fabricante ao FDA, o remédio é suspenso em todo o mundo. Segundo o relatório do governo americano, o consumo diário do remédio dobrava os riscos de infarto e derrame. E, por isso, teria provocado a morte de mais de 56 mil pessoas durante cinco anos nos Estados Unidos.
Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Uso com segurança
Qualquer medicamento tomado de forma incorreta pode trazer danos à sua saúde. Remédio é bom quanto necessário e com a orientação do médico e do farmacêutico. Algumas dicas para o uso correto.
- Tome o medicamento com água;
- Pergunte ao médico se é necessário tomar o medicamento junto, antes ou depois das refeições;
- Evite o consumo ao mesmo tempo de medicamentos e bebidas alcoólicas;
- Compre somente em farmácias e drogarias. Não compre em feiras livres, camelôs e academias;
- Para obter os resultados esperados, é indispensável tomar no horário correto, na dose recomendada e cumprir o período de uso determinado pelo médico;
- Evite a automedicação. Só tome remédio com prescrição médica;
- Não tome medicamento vencido.
Fonte: Conselho Regional de Farmácia ; São Paulo

Do laboratório à farmácia
O desenvolvimento de um novo medicamento leva cerca de 10 anos. Neste período, o produto é testado em animais cobaias e, depois, em humanos. Se for aprovado em todas as etapas, recebe registro das autoridades sanitárias para uso em larga escala. Todas essas fases são executadas com base em protocolos científicos.

- Depois da descoberta da molécula e da obtenção da patente, o novo fármaco passa por um período de testes pré-clínicos. Os pesquisadores avaliam o efeito tóxico e a ação terapêutica da substância. Se os estudos comprovarem a eficácia terapêutica, o novo medicamento entra na fase de pesquisa clínica, com a aplicação do fármaco em humanos. São três fases:

Na fase 1, com duração de um a dois anos, em um grupo de 20 a 40 pessoas é avaliada a ação do remédio no organismo humano.

Na fase 2, os cientistas estudam a eficácia e a segurança da molécula do medicamento. Esta etapa conta com a participação de cerca de 1 mil pessoas, em um período de dois a três anos.

A fase 3 é a etapa final. Durante quatro a seis anos, o produto é testado em um grupo de 5 mil a 10 mil pessoas. O objetivo é demonstrar a eficácia clínica do medicamento. Os cientistas aplicam o remédio em dois grupos distintos de pacientes: sob supervisão médica, uma parcela de pacientes recebe o novo remédio e outra continua com a medicação padrão.

- Depois de 10 a 12 anos de estudos e de passar pela fase 3, o medicamento recebe o registro das autoridades sanitárias. No país, o aval é emitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

- O próximo passo é o lançamento do novo medicamento no mercado. Teoricamente, ele chega às farmácias com 95% dos seus efeitos adversos identificados.

- Começa então a fase 4. Com a chegada ao mercado, o medicamento é usado por milhões de pessoas, de diferentes perfis, sem controle científico. Por isso, cerca de 5% dos efeitos colaterais do novo remédio são registrados nesta etapa, denominada farmacovigilância.
Dependendo da gravidade das reações adversas, o produto é retirado do mercado.
Fontes: Agência Nacional de Vigilância Sanitária, professor Carlos Vidotti e Interfarma

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