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Infecção silenciosa

Saiba o que fazer para prevenir e tratar a doença do carrapato, mal que pode causar sérios problemas para o animal, como cegueira, e até levar à morte

postado em 21/01/2011 18:20

Dois dos três cachorros de Priscilla e Marcos tiveram a doença do carrapato: Dryca ficou cega, mas está bem

Se o cachorro para de se alimentar, apresenta dor abdominal, desânimo, manchas avermelhadas pelo corpo, febre e está infectado por carrapatos, é preciso ficar atento. Provavelmente, ele está com a doença do carrapato ou erliquiose. Caso não tratado, o mal pode levar à cegueira e à morte do animal. O problema, comum na região Centro-Oeste, principalmente na primavera e no verão, pode ser prevenido, mas o diagnóstico nem sempre é fácil.

A doença é transmitida por carrapatos, que sugam o sangue de cães infectados. Há a ideia errada de que somente a infestação por carrapatos já é indicativo da doença. ;Claro que tem mais possibilidade de a erliquiose se manifestar com a presença deles, mas se o animal estiver infestado de carrapatos e nenhum conter o parasita, a doença não se manifesta;, explica a professora da Universidade de Brasília (UnB) Paula Galera, especialista em cirurgia e oftalmologia veterinária. Porém, apenas um carrapato infectado pelo parasita é capaz de transmitir o mal.

De acordo com a professora, além dos sintomas clássicos, a doença causa anemia severa, que pode ser diagnosticada por exame de sangue. Pode resultar, também, em problemas no fígado e nos rins. ;Em um estágio mais avançado, a erliquiose pode levar a doença neurológica e até à aplasia de medula óssea (o sangue na medula é substituído por gordura);, completa Paula.

Outro sintoma importante é a alteração ocular. Se o bicho apresenta um olho vermelho, é sinal de coágulo de sangue e deve ser observado e investigado. ;Há casos de cegueira devido ao estágio avançado da doença. Se não tratada, pode levar o animal à morte;, acrescenta.
Os cachorros da raça pastor alemão Dryka, de 1 ano e 4 meses, e Nick, 5, sofreram com a doença do carrapato.

Os proprietários, a relações públicas Priscilla Sâmela Barnabé de Oliveira, 27 anos, e o vigilante Marcos Santos Brito, 36, passaram por muita dificuldade até descobrirem que seus animais de estimação estavam com a erliquiose. O casal explica que, por não conhecer a doença, achou que era manha do cachorro. ;Ficamos mais preocupados quando o Nick começou a não se alimentar. Pensamos que era frescura dele, a princípio. Mas quando começou a vomitar um líquido amarelo e passou de 34kg para 19kg, levamos ao veterinário para saber o que era;, conta Priscilla. Após exames, trataram com antibióticos durante 21 dias e hoje o cachorro se recupera bem.

Já a cadela Dryca apresentou convulsões e ficou com sequelas. Marcos lembra que o olho inchou, cristalizou e ficou com uma película branca. ;Ela ficou cega. Apesar das dificuldades de enxergar, hoje, a Dryca está ótima e é muito agitada.; O outro cachorro do casal, Dick, de 3 anos, da mesma raça de Dryca e Nick, não chegou a manifestar a doença do carrapato. ;Para prevenir, tratamos com vitaminas, conforme orientação da veterinária, além da consulta, pelo menos uma vez ao ano;, conta o vigilante.

Apesar dos sintomas serem difíceis de diagnosticar no início, a doença pode ser confirmada com alterações no comportamento do animal, histórico de presença de carrapato e testes laboratoriais, como explica a professora Paula Galera. O importante, segundo a médica, é a prevenção e alguns cuidados como controlar o carrapato no ambiente com aplicação de carrapaticidas, manter o local limpo, usar vassoura de fogo (lança-chamas), observar o animal, verificar a existência de carrapato e levar o pet ao veterinário pelo menos duas vezes ao ano.


Principais sintomas
Febre
Fraqueza muscular
Desânimo
Perda de apetite e, consequentemente, perda de peso
Olhos vermelhos, inchados e com secreções
Manchas avermelhadas pelo corpo
Convulsões

Recomendações
Inicie o tratamento o mais rápido possível com antibióticos (duração de 21 dias) prescritos pele veterinário.
Não interrompa o tratamento, mesmo que o animal apresente uma melhora considerável.
Repita o exame de sangue durante e após o tratamento, conforme orientação médica.
Ofereça muita água e repouso. Eles são essenciais para a recuperação.
Dê suplemento de vitaminas.
Controle o carrapato no ambiente, peça dicas ao veterinário de como fazer.
Não abandone seu animalzinho.

Agradecimento: Hospital Veterinário, da Universidade de Brasília

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