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Nostalgia industrial

A Revista traz uma seleção de produtos que fazem parte do cotidiano nacional há décadas e que, em alguns casos, mantiveram embalagens saudosistas

postado em 11/02/2011 18:04

A simplicidade parece ser a alma do negócio ; ou, pelo menos, uma fonte de longevidade. O Leite de Rosas começou com álcool e cânfora. O tempero Arisco, com sal e especiarias. O Nivea Creme, primeiro hidratante do mundo, foi desenvolvido a partir de um emoliente que permitiu a mistura entre água e óleo, em 1911. A Maizena é a base para guloseimas descomplicadas desde 1874. Junte Leite Moça e achocolatados como Toddy ou Nescau e você terá outro clássico: o brigadeiro. Com certeza, você conhece alguém que aprecia pão com patê de sardinha. Isso sem falar da impressionante autoridade que esses produtos têm ; usar pouvilho antisséptico para os pés é praticamente um conselho de avó. Quem vai duvidar?

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Leite de Rosas
Líquido leitoso feito de álcool e cânfora. Essa era a fórmula inicial do Leite de Rosas, produto para a beleza feminina criado em 1929 pelo farmacêutico Francisco Olympio de Oliveira. O Leite de Rosas foi uma verdadeira vedete da Era do Rádio. Para anunciar o produto, a empresa patrocinou cantores brasileiros como Orlando Silva. Os anúncios também circulavam em revistas famosas da época, como a Fon-Fon e a Cruzeiro, além do Jornal das Moças. Nos anos 30, estabeleceu-se a ligação entre o Leite de Rosas e grandes musas, como Carmem Miranda, uma das primeiras garotas-propagandas da marca. A loção foi ainda pioneira no uso de cor em suas peças publicitárias.

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Maizena

Maizena é um produto derivado do milho. A marca está no mercado desde 1874. O nome foi criado pelos irmãos Duryea ; donos da Companhia de Fabricação de Amido Glen Clove, nos EUA. Em 1930, foi inaugurada a primeira fábrica das Refinações de Milho Brasil (RMB) no bairro de Anastácio, em São Paulo. Presente em diversos pratos da culinária brasileira, principalmente no mingau, muito consumido na Região Nordeste.

Polvilho Antisséptico Granado
O Polvilho Antisséptico Granado foi criado em 1903. Eficaz no combate aos odores da transpiração, àbrotoejas e às assaduras. A fórmula tradicional é sem cheiro e antialérgica. Prevene a frieira e o mau cheiro nos pés.

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Nivea Creme
A história da Nivea começa em 1911, quando Oskar Troplowitz, então proprietário do grupo, desenvolveu pioneiramente um agente emoliente que permitiu a mistura homogênea entre a água e o óleo. O Nivea Creme foi o primeiro hidratante do mundo. Antes dessa descoberta, os cosméticos eram baseados em gorduras animais e vegetais e se decompunham rapidamente. A palavra Nivea provem do latim niveus/nivea/niveum, que significa neve branca, uma referência à cor e à consistência do produto. A primeira embalagem era uma caixa amarela, redonda e metálica, decorada com flores em estilo art nouveau.

Toddy (PepsiCo)
Preferência entre o público jovem, o Toddy logo se tornou um concorrente do Nescau. No mercado brasileiro desde 1933, o achocolatado ainda encanta a galerinha mais de 76 anos do seu lançamento.

Coqueiro
A marca está no mercado brasileiro desde 1937. Inicialmente, a empresa trabalhava como uma espécie de cooperativa de pescado. O primeiro produto enlatado da linha foi a sardinha ; mergulhada em óleo ou em molho de tomate.

Nescau (Nestlé)

Lançado no Brasil em 1932, o achocolatado se chamava Nescáo, junção de Nestlé com cacáo, como se costumava grafar as palavras que atualmente terminam em au. A mudança do nome ocorreu somente em 1954.

Farinha Láctea (Nestlé)
Preocupado com a alimentação infantil, o químico alemão Henri Nestlé criou, em meados do século XIX, uma farinha à base de leite e cereais, a Farinha Láctea. Altamente nutritiva (e calórica).

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Leite Moça (Nestlé)
O produto chegou importado ao Brasil em 1890 com o nome inglês Milkmaid, que por sua vez era uma tradução livre do original francês (La Laiti;re). Os consumidores, porém, acanhados com a pron;ncia estrangeira, passaram a chamá-lo de leite moça, referindo-se à ilustração do rótulo, com uma camponesa do século 19. O Leite Moça começou a ser produzido no país em 1921. Até hoje é o ingrediente mais usado em guloseimas.

Qual é o segredo da longevidade?

Por que alguns produtos continuam nas prateleiras após tanto tempo? Um dos fatores é o pioneirismo. ;Muitos dos produtos centenários que continuam ocupando as prateleiras dos pontos de venda foram novidades na época de seu lançamento;, afirma a designer de produto Roberta Brack e professora substituta da Universidade de Brasília (UnB). Outro fator, são as embalagens que transmitem uma mensagem de eterno, clássico ou nostálgico e permitem o primeiro contato do consumidor com o produto. ;Exemplo disso é a lâmina de barbear da Gilette, criada em 1895, e o sabão em pó Omo, primeiro a ser lançado no Brasil;, afirma.

Segundo Manoela Marcuzzo, estudante de Desenho Industrial da UnB, que estuda embalagens para seu trabalho de conclusão de curso, empresas como a Granado têm boa parte de seu sucesso graças às embalagens de aspecto retrô e vintage. ;Esse estilo, além evidenciar a tradição do produto, traz confiança ao consumidor. Inclusive, as embalagens da Granado foram redesenhadas de modo a manter o tradicionalismo, porém de forma mais limpa e destacada;, observa Manuela.

Algumas marcas adotam o estilo retrô porque exercem fascínio até mesmo sobre os jovens que, sempre em busca de novos estímulos, ;resgatam a linguagem estética e elementos visuais mais rebuscados de outras épocas para contrastar com a predominância da linguagem atual, mais minimalista;, explica a professora. ;Atualmente, mais importante e mais eficaz na transmissão de confiança ao consumidor, é a preocupação com a atualização das embalagens em termos sustentáveis;, complementa.

Agradecimento: Studio 161 Arquitetura & Design

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