Muito se fala sobre a tara do brasileiro por arroz e feijão, por churrasco, por cerveja. Mas quando se observam os dados do consumo nacional, lá estão os biscoitos ; doces clichês da infância e calóricas tentações da vida adulta. Somos, inclusive, o segundo maior mercado do ramo no mundo, de acordo com a Associação Nacional de Indústrias de Biscoitos (Anib). O porquê de tanto sucesso vai além do bem bolado questionamento publicitário (vende mais por que é fresquinho?): eles são uma forma rápida e divertida de enganar a fome e adoçar a vida. Quem nunca devorou um pacote inteiro vendo televisão que atire a primeira bolacha!
Agora, se biscoito industrializado é bom, melhor ainda eram aqueles que comíamos diretamente da forma quente, recém-saída do forno. Feito pela mãe, pela avó, pela tia. Não só porque eram infinitamente mais gostosos, mas porque biscoito caseiro tem sabor de infância, de Natal, de festa, de domingo. O problema é que, em plena correria globalizada, não sobra muito tempo para achar uma receita que caiba (com o perdão do trocadilho) no pacote: tempo disponível, ingredientes fáceis de encontrar, sabor compatível com sua preferência. Talvez esse seja um dilema da nova geração de mães, que gostaria de deixar para o futuro do filho o saudosismo do biscoito ;que mamãe costumava fazer;. Eu sou um exemplo. Em minhas aventuras na cozinha, nunca consegui fazer um biscoito que adotasse como o da família. O que minha avó fazia era de nata, ingrediente difícil de ser encontrado e manuseado.
Com a ajuda da chef e proprietária da Casa de Biscoitos Mineiros, Maria Madalena Alves, e dos leitores da coluna e do blog de gastronomia do Correio (Água no feijão), testarei receitas de livros, receitas enviadas, encontradas ou recomendadas, para encontrar quais os biscoitos mais práticos e deliciosos ; dignos de virar uma marca registrada da família. O desafio começa aqui, com os dois biscoitos ensinados ao lado. O preferido de dona Maria Madalena, por exemplo, é o que a avó dela fazia, perpetuado nas prateleiras de sua loja. ;Vendem que nem água;, conta. E olha que, por lá, são feitos 50 tipos de biscoitos diariamente. ;Receita por receita, porque receita dobrada nunca fica tão boa quanto a original;, alerta Maria.
;Aprendi a cozinhar fazendo biscoito peta, bem menina, na cozinha de casa. Com as minhas filhas foi a mesma coisa. Todo mundo aprendeu e leva jeito;, diz. Desde então, o biscoito fez parte da história da família. ;Vendíamos biscoitos e pães de queijo feitos pela minha mãe no trabalho. Fez tanto sucesso que, em 1996, abrimos a loja, na época com seis funcionários. Hoje são 140 funcionários;, conta a filha de Maria, Márcia Alves. Nem o crescimento do negócio fez com que Maria se afastasse da tradição. ;Quanto mais artesanal, melhor. O segredo é ter força para amassar e sovar. Precisa de força no braço. O resto é ter uma boa receita e muito carinho;, indica Maria. Se você já tem a sua, envie para a gente. Senão, teste essas, e as que serão postadas no blog! Boa sorte!
Biscoito de queijo
5 xícaras de polvilho
4 xícaras de queijo
1/2 xícara de leite
1/2 xícara de óleo
1/2 xícara de margarina
Amasse com ovos (6 costumam bastar) até o ponto de enrolar
Enrole e deixe no forno pré-aquecido em temperatura média para alta até assar(20 minutos, em média)
Tempo de preparo: 1 hora
Rendimento: 5 pessoas
Bolacha da vovó
1 xícara de polvilho
1 xícara de farinha de trigo
1 xícara de queijo ralado
1 xícara de açúcar
1 xícara de margarina
2 colheres de fermento em pó
Amasse com ovos (em média 3 ovos) até dar o ponto de enrolar
Enrole em forma de bolacha e deixe no forno pré-aquecido em temperatura média para alta até assar (20 minutos, em média)
Tempo de preparo: 40 minutos
Rendimento: 8 pessoas
Serviço
Casa dos Biscoitos Mineiros
CLN 210 norte, bloco D, loja 35/4
3447-3211
CLN 106 sul, bloco A, loja 21
3443-4311