Jornal Correio Braziliense

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Luxo (ecologicamente) correto

No mundo da arquitetura e da decoração, a preocupação com o meio ambiente já não é coisa de ecochato, mas uma sofisticada tendência

Revestimentos com madeira de reflorestamento, cimentícios à base de entulho, reaproveitamento de água, iluminação com LED. Tudo isso se alinha à ideia de sustentabilidade em arquitetura e decoração. Tal preocupação é hoje indissociável do mercado de luxo. ;A estética está fortemente ligada ao apelo ecológico. Isso não significa abrir mão do conforto, da tecnologia, dos materiais nobres e sofisticados. Ao contrário, os avanços nessa área somam muito para as atitudes sustentáveis;, confirma a arquiteta Beta Pollis.

Construir com características sustentáveis implica em investimentos maiores, reconhece a decoradora Cássia Lott. ;Por este motivo, alguns profissionais e clientes resistem em projetar dentro desse conceito.; Mas esse é limitador transitório, aposta a especialista. A médio prazo, a demanda por esse tipo de serviço tende a se popularizar, tornando o mercado mais competitivo e rico em opções.

Já a decoradora Denise Zuba aponta que, além da intenção legítima de preservar o meio ambiente, existe um frisson meramente publicitário ao redor de determinados produtos. ;Esse apelo às vezes é falso e acaba tornando mais difícil encontrar quem é verdadeiramente preocupado;, diz. A decoradora revela que, na hora de criar um ambiente, privilegia o senso estético. ;Penso em fazer algo lindo e que atenda às necessidades do meu cliente. Dentro disso, vejo tudo o que posso usar que seja ecologicamente correto.; O resultado fica ao gosto dos clientes que, segundo ela, já não abrem mão de projetos que reduzam o consumo de água e de energia.

Na prática
De acordo com arquiteta Beta Pollis, o termo sustentabilidade está pautado em um tripé de dimensões econômica, ambiental e social. Diante disso, Beta ensina o que uma pessoa comum pode fazer para tornar sua casa mais ecológica.
-Tudo o que puder ser feito para evitar a geração de entulho ou de lixo não reciclável é bem-vindo. Prefira materiais reciclados e madeira de reflorestamento, sempre.
-Procure informações sobre as ações sociais das empresas fornecedoras e escolha as mais atuantes. Essa também é uma atitude sustentável.
Tome cuidado com recursos aparentemente sustentáveis, mas que o preço destoe do valor de mercado. Usar material de baixa qualidade e aplicado por mão de obra não qualificada é prejuízo na certa.

Tudo certo nesta sala


A sala de 110m;, houve uma preocupação especial com a escolha de materiais que fossem ecologicamente corretos, como rodapés e alisares em poliestireno (material reciclado do isopor retirado do lixo através de coleta seletiva). Observe o aproveitamento de garrafas pet como revestimento de parede ou divisória. Os móveis foram feitos a partir de madeira apreendida pelo Ibama em ações de fiscalização. Projeto assinado pelas decoradoras Cássia Lott e Rosane França.


Varanda agradável e sustentável


Esta varanda tem como proposta conforto, descontração e modernidade. Foram usados painéis em MDF, imitando madeira de demolição, compostos com retalhos de azulejo hidráulico provenientes de restos de obras. Além disso, a iluminação com lâmpadas fluorescente de baixo consumo e o rodapé de poliestireno tornam o ambiente ecologicamente correto. Projeto assinado pelas decoradoras Cássia Lott e Rosane França.

Legumes orgânicos ao alcance da mão


Nesta junção de ambientes, a horta orgânica adentra a cozinha e é adubada com resto de lixo orgânico reciclado por um minhocário. O ar condicionado com filtro anti-bactericida não agride a camada de ozônio e tem selo Procel de economia de energia. Completando o luxuoso ambiente, as bancadas são em aço inox, material reciclável e de extrema durabilidade. Projeto assinado pela arquiteta Beta Pollis.

Reminiscência de Pirenópolis


Nesta aconchegante suíte foi usado painel em MDF estampado, que imita madeira, iluminação com fita de LED na cor âmbar e piso em madeira de reaproveitamento. Compondo a decoração sustentável, estão as mandalas feitas por artesãos de Pirenópolis, com pigmentos naturais e caráter social. Projeto assinado pela arquiteta Beta Pollis.

Rústico e reciclado


O ambiente foi dividido em duas partes: uma sala-de-estar e uma mesa-bar. Para isso foi utilizado um painel de ecorresina, o 3Form, que tem 40% de sua matéria-prima proveniente da reciclagem. As varetas de bambus encapsuladas no painel dão um toque rústico ao ambiente moderno. Além disso, o produto é certificado pelo Green Guard americano. Projeto assinado pela decoradora Denise Zuba.

Agradecimento: Hunter Douglas.