O mundo da moda é recheado de estereotipos. Ao longo desses últimos anos, muitos desses mitos têm sido quebrados. Mas há décadas a indústria não consegue desmistificar o uso abusivos de drogas e bebidas nos ateliês, festas e estúdios fotográficos. Kate Moss, Marc Jacobs e Calvin Klein são apenas alguns dos que já foram envolvidos em escândalos com drogas. Depois de uma temporada na reabilitação, porém, receberam o perdão dos consumidores e dos empresários. A prisão de John Galliano, ex-diretor criativo da Dior, e o afastamento de Christophe Decarnin, estilista da Balmain, recentemente, foram a gota d;água para os empresários da indústria.
As holdings que detêm as marcas não toleraram os abusos e os estilistas acabaram afastados dos cargos ; por enquanto, apenas Galliano foi demitido. A atitude dos empresários só embasou a teoria: o universo da moda está cada vez mais isolando os bad boys fashion. Esse novo cenário abriu espaço para o surgimento de dois ícones. A estilista da Céline, Phoebe Philo, e a atriz Blake Lively estão construindo um visual mais saudável, minimalista e sem escândalos. Novidade para o universo fashion.
O bom mocismo está sendo refletido no faturamento das empresas, fato que faz com que os investidores confiem ainda mais o trabalho delas. Durante a temporada ; entre 2001 e 2006 ; em que Phoebe Philo foi designer da Chloé, ela dobrou o faturamento da marca. Desde que assumiu a Céline, em 2008, está transformando a maison ; até então pouco conhecida ; em uma das mais influentes do mundo. Não só por conta do estilo minimalista que introduziu, mas também pelas causas que abraça. A proteção do meio ambiente e do direito dos animais é uma preocupação da estilista. Ela desenvolve coleções com materiais ecológicos e não usa peles em suas criações.
O mesmo acontece com a atriz Blake Lively ; estrela do seriado Gossip girl. Após ser apadrinhada por Anna Wintour, ela virou um dos rostos mais frequentes na lista das bem-vestidas. ;A gente sabe que ela não vai ser presa, nem vai raspar a cabeça e não vai parar na reabilitação. Mas, ao mesmo tempo, ela ganha muita atenção da mídia. É o comportamento perfeito para estilistas e editores. Ela é uma aposta segura;, explicou a editora da revista Allure, Linda Wells, em entrevista ao The New York Times. ;Quem diria que não ser rebelde poderia ser tão rebelde;, concluiu.
Phoebe mudou as roupas;
Tudo começou quando a estilista Phoebe Philo assumiu, há dois anos, o cargo de diretora criativa da quase extinta maison Céline. Na casa, ela criou um estilo simples e elegante, contrapondo o visual criado por Christophe Decarnin para a Balmain: vestidos supercurtos, ombros marcados, botas, camisetas rasgadas, couro, metalizados e maquiagem pesada. Phoebe formou com Stella McCartney e Hannah MacGibbon, da Chloé, o trio que representa o novo minimalismo. Elas desenham roupas para uma mulher mais feminina, priorizando calças de cintura alta, camisas de seda, cardigãs, saltos anabelas e tons camelo. O mantra é: peças bem cortadas, simples e bonitas.
;Quero fazer uma coleção honesta. Uma mistura do que eu quero usar e como eu quero viver;, explicou Phoebe ao jornal Telegraph. O novo estilo dominou as redes fast fashion, e outras marcas também começaram a optar por um visual minimalista, terminando de vez com a ditadura do estilo Balmain, que por dois anos reinou nas passarelas. Chegaram a compará-la a Coco Chanel, por fazer uma linha de roupas confortáveis e apelativa para as mulheres, contrapondo com John Galliano, Alexander McQueen e outros estilistas, que criam peças chamativas, desconfortáveis e exuberantes.
Phoebe começou como assistente de Stella McCartney na Chloé. Quando Stella saiu do posto, em 2001, para abrir a própria marca, Phoebe assumiu o cargo de diretora criativa. Suas peças foram hits instantâneos. Foi ela que começou a moda das it bags, com a bolsa Paddigton. Em 2006, no auge do sucesso, pediu demissão. Alegou que queria se dedicar mais aos filhos e ao marido. Quando foi contratada pela Céline, dois anos depois, fez apenas uma exigência: trabalhar em Londres para ficar perto dos filhos. O QG da marca saiu de Paris e foi para a capital inglesa. De lá, Phoebe já desenhou quatro bem-sucedidas coleções. Em 2010, foi eleita a designer britânica do ano.
Blake mudou o comportamento
O abuso de drogas em toda a cadeia da moda irritou a todos. Até as top models que dão muito problema foram perdendo espaço. As marcas começaram a colocar modelos mais saudáveis nas campanhas publicitárias, como as brasileiras Izabel Goulart e Alessandra Ambrósio. Mas foi a atriz Blake Lively quem roubou a cena. Ela foi descoberta no seriado adolescente Gossip girl. A sua personagem, Serena Van Der Woodsen, se transformou um ícone fashion. Foi assim que Blake começou a aparecer nas colunas de moda.
Depois de fazer algumas aparições em eventos importantes, chamou atenção da editora da Vogue americana Anna Wintour. Desde então, já foi três vezes capa da publicação. Uma foi uma edição especial sobre estilo, em que foi apontada por Wintour como o rosto da próxima década. Alexandra Kotur, a editora de estilo da Vogu,e explicou ao The New York Times que o fascínio da revista por Blake começou dois anos atrás, quando ela apareceu no Baile do Museu Metropolitano de Arte com um vestido Versace. Ela desafiou a regra básica da moda: mostra-se ou as pernas ou o decote. O vestido era um caos de cortes e fendas, que mostravam as pernas e o decote. ;Quando a vimos no baile, nos perguntamos: o quê? Como? Quem é?
Ela subiu aquelas escadas com muita confiança. Ela usou aquele vestido como ninguém;, contou Kotur.
Mas o que a colocou como ícone fashion foi o contrato que fechou com a Chanel. Blake foi escolhida a dedo por Karl Lagerfeld para ser a embaixadora da bolsa Mademoiselle. A escolha ainda é surpresa para o mundo da moda, pois Blake é a cara da saúde: loira, seios fartos, pernas saradas e não tem um escândalo envolvendo o seu nome. Ela não se encaixa no perfil das garotas normalmente escolhida por Lagerfeld. A campanha foi divulgada este mês. Será que esse é o novo perfil das fashionistas?