Não há mulher que resista à tentação de namorar uma bolsa na vitrine. De couro, lona ou tecido, alças curtas ou longas, elas respondem pelo estilo de vida de milhões de mulheres que a adotaram como fiel companheira. Como uma ;vestimenta; que muda conforme o humor e a ocasião, dentro dela podemos carregar uma gaveta do nosso closet: artigos de maquiagem, objetos sujeitos às necessidades do dia a dia, celular e agendas digitais.
Usada desde a pré-história para armazenar ferramentas de caça, a bolsa está sujeita a transformações econômicas, sociais e culturais. A partir da Revolução Industrial, o público feminino se apropriou do acessório e o item se converteu em ícone de grandes marcas, como Louis Vuitton, Chanel e Herm;s. Especialista em moda e criação pela Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, a pesquisadora Dhora Costa aborda esse e outros episódios em A história das bolsas (Ed. Matrix). No livro, mostra a evolução do acessório desde o século 19, época em que os primeiros modelos ; réticules ; guardavam apenas um lenço, o leque e o cartão de visita das francesas e inglesas.
Cultuada por designers e queridinha dos fashionistas, a bolsa também está inserida no mundo virtual. As consultoras de moda, Cristina Zanetti e Fernanda Resende, do blog Oficina de Estilo (www.oficinadeestilo.com.br/blog), respondem, diariamente, dúvidas sobre qual o modelo ideal para baixinhas e altas, por exemplo, ou por que a bolsa pode revelar a personalidade de uma mulher. ;Pelo estilo, cor e textura, é possível saber como é a dona. A bolsa fala e pode demonstrar status e poder;, analisam.
Grandes ou pequenos, simples ou de luxo, o acessório acompanha as tendências da moda e já faz parte do orçamento mensal de muitas mulheres. Tem até bolsa para alugar pela internet ; serviço que chegou a Brasília há menos de um ano. Extensão do guarda-roupa feminino, ela dita comportamento e carrega vaidade em primeiro lugar. Difícil mesmo é saber o que carregar ou deixar de fora da melhor amiga de toda mulher.
Elas só pensam naquilo
Bem que a bolsa de toda mulher poderia guardar os mesmos truques de Mary Poppins. Dentro do acessório a tiracolo da fantástica babá, guarda-chuva, poções mágicas e outros objetos são retirados como coelhos da cartola de um mágico. Na ficção, fica o sonho de ter um espaço infinito para levar tantos objetos. Na realidade, a seleção do conteúdo faz-se necessária. E esse é um dos momentos críticos para toda mulher: organizar o que vai e o que fica de fora. Amigas e autoras do blog de moda e estilo Dia de Preguiça (www.diadepreguica.com.br), as publicitária Flávia Ruiz, 24 anos, e Mayra Pereira, 25, e a profissional de marketing Cristiane Teixeira, 25, abriram a bolsa para a Revista e contaram como a organizam.
Flávia Ruiz, 24 anosPara a publicitária, na hora de arrumar a bolsa vale a pena separar conteúdos diferentes em estojos específicos. ;Um para aparelhos eletrônicos, outro para a maquiagem e um terceiro para itens de higiene. Carteira, óculos de sol e chave do carro podem estar soltos.; A ideia dos estojos é copiada por amigas que se cansaram de vasculhar a bolsa atrás de uma mera caneta. Agenda e blocos de anotações também perderam espaço para suportes digitais. ;Tenho tudo online: uso Google agenda, caderneta de telefone; Enfim: fica tudo no celular para que eu tenha na bolsa só o necessário.;
Cristiane Teixeira, 25 anos;Antes, colocava na bolsa qualquer coisa que aparecesse na minha frente;, lembra a profissional de marketing. Depois que começou a organizar o conteúdo em estojos ; a exemplo de Flávia ; encontra tudo com mais facilidade. ;Como eu troco muito de bolsa, os estojos não me deixam esquecer o que devo levar. Também dou preferência a itens pequenos para a maquiagem, por exemplo, já que esse é o mais pesado. E se ainda assim a bolsa pesar, deixo um dos estojos no carro;, conta. Cristiane confessa que não cogita sair de casa sem o acessório a tiracolo. ;Me sinto pelada.;
Mayra Pereira, 25 anosOrganizada, a publicitária já teve cinco nécessaires dentro da bolsa, mas não deu conta de tanto peso. Foi avaliando o que de fato era essencial e retirando uma por uma até manter apenas duas. Ela também elege uma bolsa por semana. Nada de troca-troca. Apenas uma escolhida a dedo para combinar com as roupas que usa para trabalhar. Opções não faltam já que Mayra compartilha o acessório com a mãe e as três irmãs. Ela também carrega uma maleta com pastas, agendas e outros itens do escritório. Tudo bem separadinho para não pesar no fim do dia. Quando sai com o namorado, então, relaxa. ;Como coloca as coisas dele, ele é quem carrega a bolsa quando fica pesada. Brinco que, às vezes, é meu namorado quem carrega o glamour nos ombros.;
Diversificar sem pesar no bolso
Para o público que ainda não pode se dar ao luxo de encurtar o orçamento por causa de uma it bag, o aluguel é uma saída. Empresas virtuais incluíram bolsas de grife nesse nicho de locação. O negócio ganhou popularidade no Brasil depois do primeiro filme da série de TV Sex and the City, em que a assistente da colunista Carrie Bradshaw trabalhava com uma Louis Vuitton ;emprestada; temporariamente.
Uma das pioneiras brasileiras a importar essa ideia foi a empresária carioca Isabel Braga, 29. Ela teve a ideia de montar uma negócio de aluguel de bolsas há mais de quatro anos. Até que em meados de abril de 2009, ela criou a BoBags (www.bobags.com.br). ;Comecei a observar um movimento muito forte de ;propriedade temporária;: da vontade de possuirmos algo apenas por um determinado período de tempo, talvez por falta de espaço, talvez por não termos tempo de cuidar de tudo o que temos;, refletiu na época. O acervo inicial era pessoal e foi incrementado com bolsas de colecionadoras e de clientes. Hoje, a BoBags tem aproximadamente 120 itens.
Em Brasília, Isabel já tem uma clientela fixa. ;Não é mais uma questão de limitação financeira: você pode comprar, mas não necessariamente deseja fazê-lo. Algumas clientes alugam bolsas para um evento específico, outras para passar o mês, para uma viagem. Temos também as clientes que alugam uma bolsa a cada mês e, com isso, têm sempre uma diferente no armário;, explica. Os aluguéis mais baratos ficam em torno de R$ 32, para o fim de semana, e chegam a R$ 598, as mais caras, para um mês. ;O barato é poder ter sempre uma bolsa nova em casa, sem o comprometimento da compra.;
Em Brasília, a primeira loja virtual a atender esse mercado chama-se Alugue Luxo e tem menos de um ano. Sócias, Glauciane Arruda, 29 anos, e Fernanda Dal Bello Pinheiro, 31, colocaram o acervo pessoal na roda, mas também investiram em marcas vendidas apenas fora do Brasil. ;Nossa intenção é proporcionar às mulheres a chance de andar com uma Fendi num mês, uma Louis Vuitton no outro, sem precisar pagar R$ 3 mil numa bolsa de marca;, explica Fernanda.
No site www.alugueluxo.com.br, mais de 40 bolsas são colocadas à disposição para um jantar de negócios, uma festa de aniversário ou para um passeio de domingo pela cidade. O valor do acessório determina quanto vai custar o aluguel. Um fim de semana com uma Chanel pequena, por exemplo, custa R$ 70. No entanto, algumas marcas, como Balenciaga, são alugadas por mês e podem custar mais de R$ 100.
Aquelas que procuram pelo serviço são, na maioria, mulheres na faixa dos 25 aos 50 anos, de classe média alta. Muitas, funcionárias públicas que não querem comprar um sem-número de bolsas para compromissos de trabalho, mas precisam diversificar o acessório conforme a ocasião. ;Nossas clientes assinam um termo de responsabilidade, deixam um cheque caução e recebem em casa a bolsa. Tudo de forma discreta e sigilosa;, garante Glauciane.
Depois dessa novidade no mercado, quem sabe aquela Miu Miu, objeto de desejo alugado por uma semana, não vira projeto de compra? ;Eu mesma já fiz um test-drive com uma Donna Karan e comprei uma depois;, confessa a corretora de imóveis Bárbara Mainenti, 29 anos. Apaixonadas por bolsas, Glauciane e Fernanda acreditam que esse mercado vai de vento em popa. ;Hoje, mais do que em outras épocas, a bolsa faz parte do vestuário da mulher. Difícil resistir a uma novidade;, arrematam.
As top 10 it bags, segundo o site Alugue Luxo