Flávia Duarte
postado em 01/05/2011 06:08
Acompanhar a rotina de pacientes queimados é chegar muito perto de situações extremas de dor, medo e angústia. Luta pela sobrevivência. E também superação. A maioria das queimaduras é causada pelo fogo e por seu poder dilacerador. Para trás, as chamas deixam um rastro de ardor que beira o insuportável e marcas na pele muitas vezes irreversíveis.
Para sempre, as cicatrizes podem deformar rostos e corpos. Elas serão a lembrança física de momentos de desespero ou situações de violência. ;Quem sofreu uma grande queimadura jamais será o mesmo. Passou por dúvidas, sofrimento;, garante a médica Maria Thereza Piccolo, uma das chefes do Instituto Nelson Piccolo, hospital de Goiânia, especializado em atendimento a queimados, com filial em Brasília.
A maioria das vítimas de queimaduras muito graves é obrigada a lutar bravamente pela vida. Conquistado esse primeiro desafio, tem que aprender a conviver com a nova aparência e com a morte simbólica do antigo corpo. Alguns encontram mais forças na reabilitação, que é difícil para todos. Outros tentam desistir. Acham complicado demais conviver com a dor. Por isso, precisam ser amparados por uma equipe de médicos e especialistas para ajudá-los a aceitar a própria imagem e as limitações físicas que podem surgir depois de um acidente.
Nessa batalha, contam ainda com os avanços da medicina, que reparam cicatrizes, devolvem movimentos e aceleram o processo de tratamento. Com as feridas físicas fechadas, os pacientes precisam curar as que deixaram marcas emocionais e as que ainda serão abertas por causa dos estigmas, preconceitos e rejeições que encontrarão pela frente. Uma recuperação que pode levar anos, mas é possível ter um belo final feliz.