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Risco para você e para seu bebê

Para as gestantes, o uso de remédios sem indicação médica é duplamente perigoso

postado em 06/05/2011 21:08
Cautelosa, a procuradora Ingrid Patrícia chegou a suspender o uso de cremes para a pele a fim de proteger a gestação de SofiaA automedicação, com o uso de uma erva aqui outra ali, é tão antiga quanto a humanidade. E prossegue até hoje. Mesmo sabendo dos riscos, muitos tomam remédios por conta própria ou receitados por outra pessoa não habilitada. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica, cerca de 80 milhões de brasileiros se automedicam. E cerca de 35% sofrem intoxicações medicamentosas, revelam dados do Serviço de Informações Toxicológicas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

As grávidas também possuem esse hábito. Para aliviar o desconforto de alguns sintomas durante a gestação, muitas mulheres optam por se automedicar. E esquecem os perigos que isso traz para a saúde delas próprias e, principalmente, do feto, que ainda não tem capacidade de metabolizar as substâncias ingeridas pela mãe. A farmacêutica Dafne Estevão afirma que muitas grávidas se queixam de enjoo, azia, enxaqueca, dores nas costas e pernas e, como o acesso a medicamentos para esses sintomas é fácil e não requer receita médica, é comum que elas recorram às farmácias e comprem remédios sem indicação. ;As gestantes só devem usar remédios com prescrição médica e quando for realmente necessário;, afirma Dafne.

A procuradora Ingrid Patrícia Félix da Cruz, grávida de sete meses do segundo bebê, uma menina que se chamará Sofia, sabe como se comportar diante de qualquer distúrbio. ;Só tomo remédio em último caso. Se tiver uma crise de dor de cabeça, espero ela passar. Se não melhorar, então tomo um analgésico. Se não resolver, procuro o médico;, conta. Por precaução, ela suspendeu o uso de cremes para a pele. ;Eles contêm ácidos e tenho medo de trazer danos ao feto;, diz a mãe cautelosa.
O ginecologista Hélio Mitiharo Nishi dá um importante conselho a gestantes que já têm algum tipo de problema de saúde crônico, como diabetes, e que tomam medicamentos de uso contínuo. ;Elas devem evitar a automedicação, pois a mistura de substâncias diferentes pode trazer danos maiores;, esclarece o médico.

Um outro erro comum de muitas grávidas é aproveitar a experiência de outras gestantes, achando que aquilo que serviu para uma, pode servir também para ela. ;O obstetra é o melhor profissional para indicar o que deve ser feito diante de uma dor ou mal-estar durante a gestação;, diz Nishi. Segundo ele, cada gravidez tem suas características e não se toma um medicamento só porque ele fez bem a alguém. ;Essa história de seguir tradições de outras grávidas da família ou de amigas pode trazer muitas complicações;, alerta.

Dafne acrescenta que as futuras mamães devem estar conscientes de que qualquer medicamento pode ser duplamente perigoso à saúde. O feto, por ser muito frágil, está mais sujeito a efeitos negativos não esperados. ;As pessoas em geral têm o costume de achar que um simples analgésico é inofensivo, já que não requer receita médica, e a maioria guarda a famosa ;farmacinha; em casa, com uma grande variedade de substâncias químicas, sem saber dos riscos à saúde;, explica a farmacêutica.

Giovana Faria de Morais Gontijo Nóbrega segue à risca o conselho de Dafne. ;Tenho muita dor de cabeça e só tomo o tipo de analgésico indicado pelo meu médico;, diz a publicitária, no quarto mês de gravidez de gêmeos. Ela enfrenta crises de enjoo, mas encontra alívio em uma receita caseira inofensiva: água com limão.

A automedicação provoca
; Diagnóstico incorreto do distúrbio
; Retardamento do reconhecimento da doença, com possível agravamento
; Escolha de terapia inadequada
; Administração incorreta do medicamento
; Dosagem inadequada ou excessiva
; Uso excessivamente curto ou prolongado do medicamento
; Risco de dependência
; Possibilidade de efeitos colaterais sérios
; Ocorrência de reações alérgicas
; Desconhecimento de possíveis interações com outros medicamentos

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