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Comadres virtuais

Mães da cidade fundaram o grupo Big Motherns Brasília: da internet para encontros reais

postado em 06/05/2011 21:42

Mães da cidade fundaram o grupo Big Motherns Brasília: da internet para encontros reaisUma infinidade de mamadeiras, incontáveis bolsas estampadas e chupetas, câmeras fotográficas sempre a postos. Os carrinhos, juntos, formam uma frota diversificada: simples, para gêmeos, com três rodas, com quatro. O que faz mais sucesso entre o público por ali é um com uma espécie de direção embutida, multicolorida, com ignição e tudo o mais. Provoca até ameaça de briga e berreiro aberto. O cenário é pano de fundo de um encontro físico de mães que, na verdade, se conhecem mais via troca de e-mails e recados pelo Facebook que assim, ouvindo tão de perto o choro dos filhos umas das outras. A intimidade, no entanto, é a mesma. O grupo, chamado de Big Motherns Brasília, é, como o nome sugere, de mães modernas. São 25 mães, todas na faixa dos 30 anos, que encontraram na rede uma forma de desabafar e tirar dúvidas.

O culpado por unir as mamães brasilienses e suas tantas dúvidas típicas foi o Google. Uma pesquisa rápida sobre uma eventualidade qualquer encaminhou todas a um fórum conhecido na internet por ser dedicado apenas a assuntos familiares, o E-Family. ;O tópico que criamos apenas para as mães de Brasília ainda existe, mas a gente acabou evoluindo. De lá para o Orkut e, depois, para o Facebook;, conta a psicóloga Franciele Alves, 29 anos, mãe de uma menina. Entre a criançada ; 32, ao todo ;, os caçulas têm cinco meses. O mais velho, 1 ano e sete meses. Por ele, é que elas calculam mais ou menos há quanto tempo trocam mensagens sobre a maternidade ; as redes sociais acabaram substituídas pelos e-mails em nome da liberdade de falar sobre tudo. Fotos dos bebês, vídeos de partos e vida a dois após o nascimento estão liberados. Sem nenhum tipo de censura ou pudor, elas garantem. ;Tem coisas que a gente escreve e nem relê depois para não ficar com vergonha;, entrega uma das mães, a pedagoga Mariana Faria, 31.

São mais ou menos 270 mensagens por dia. ;Na correria;, avisa Polyanna Mascoki, 30 anos, mãe de duas cri9anças e uma das primeiras a se unir ao grupo on-line. ;Quando estamos num dia mais tranquilo, chegam a 400!”, garante. Para onde ir no fim de semana, o que fazer com a criança que não dorme de jeito nenhum, creches, babás e experiências com pediatras, a hora de tirar a fralda e o fim da licença-maternidade estão entre os assuntos mais recorrentes de todo esse ti-ti-ti virtual.

Vez ou outra, o grupo acaba servindo de tira-dúvidas mais instantâneo que os especialistas de confiança. ;Pode ser que o pediatra só possa atender dali a três dias. A solução é apelar aos e-mails e perguntar se alguém já passou por alguma coisa parecida. Alguma mãe sempre tem uma dica boa para compartilhar e aliviar um pouco a preocupação;, aponta Polyanna.

;Meu marido reclama que eu passo o dia inteiro no computador, trocando e-mails com o grupo!”, confessa Mariana. Quando a interação não é via e-mail, é por meio do blog BMB (http://bigmothernsbrasilia.blogspot.com), recém-criado, que tem o mesmo nome do grupo e serve como um arquivo dos encontros mensais e de artigos sobre os tópicos mais populares dos bate-papos. Se para eles o tempo dedicado ao computador às vezes passa dos limites, para elas, além de uma distração, a rotina virtual é um grande apoio nos momentos mais complicados da vida materna. ;O mais legal é conseguir conviver com pessoas que têm as mesmas preocupações que você;, opina a contadora Alessandra Almeida, mãe de Sofia, de 1 ano e quatro meses.

Quase todas têm alguma história para contar de momentos em que ficaram aflitas diante do e-mail aberto na tela do computador para saber notícias de pequenos que estavam passando mal, de partos complicados e outras aflições. Ali, elas contam, é todo mundo um pouco mãe de todo mundo. As BMB, como elas se apelidaram, aprenderam que viver a maternidade em grupo é mais fácil do que encará-la sozinha. E, principalmente, que a internet pode ser uma facilitadora. ;Quando você tem um filho geralmente corre para a casa da mãe. Eu dei à luz minha primeira filha e mudei para Brasília quando ela tinha um mês. Aqui eu não tinha ninguém para me ajudar e encontrei muito apoio com elas;, conta Franciele Alves. Para elas, a internet é o novo banco do parquinho, onde antigamente as mães tricotavam sobre o que é ser mãe. Com a diferença de estar disponível 24 horas por dia, inclusive no escritório, onde muitas passam boa parte do tempo se desdobrando para conciliar carreira e família.

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