O livro O grito de guerra da Mãe-Tigre serve como um bálsamo a mães nervosas. Como a culpa materna nunca permite a elas uma sensação de dever cumprido e por viverem o paradoxo de negar um desejo do filho mesmo sabendo que ele ficará triste, ler sobre uma mãe aparentemente tirânica provavelmente traz um alívio.
Porém, mesmo que diversas vezes a autora do livro se pergunte pelo bem de quem aquela educação está sendo levada a cabo, ela deixa claro seu amor pelas filhas. As infindáveis horas no piano ou violino, as marcas nos dedos pelo treino excessivo, a recusa em aceitar ;presentes; (leia-se desenhos em papel ou dedicatórias de amor) das filhas, atitudes distantes do modelo ocidental visavam transformar as meninas em mulheres que pudessem se orgulhar de si.
O interessante dessa jornada é perceber que Amy Chua, em determinado momento, teve de dar o braço a torcer: é impossível, em nossa realidade, aceitar ser educado por alguém que não respeita o que somos de verdade. Dizer não, criar regras e impor limites é importante. Mas nada disso foi suficiente para anular o poderoso gênio de Lulu, sua filha mais nova e fonte dos seus embates mais assustadores.
Como exemplo a seguir, Amy falha. Ao pensar como uma mãe toda poderosa, ela criou mágoas que, na adolescência das filhas, ainda não podem ser mensuradas. Porém, quando lido de forma a evitar os radicalismos na educação infantil, mostrando um exemplo que tinha tudo para dar completamente certo e teve seus defeitos, alivia o peso que os pais sentem diante de suas decisões e, quem sabe, serve para mostrar que amor não se traduz em comprar todos os presentes que seu filho deseja.
Atividades que as filhas da escritora Amy Chua nunca tiveram permissão de fazer
1. Dormir na casa de amiguinhas;
2. Aceitar convites para brincar com amiguinhos;
3. Participar de peças encenadas na escola;
4. Reclamar por não participar de peças encenadas na escola;
5. Ver televisão ou brincar com jogos de computador;
6. Escolher suas atividades extracurriculares;
7. Tirar qualquer nota abaixo de A;
8. Não ser a primeira da classe em todas as matérias, exceto educação física e teatro;
9. Tocar qualquer instrumento senão piano ou violino;
Como pensa a mãe chinesa
1. Os deveres escolares são sempre prioritários;
2. Um A- é uma nota ruim;
3. Seus filhos devem estar dois anos à frente dos colegas em matemática;
4. Os filhos jamais devem ser elogiados em público;
5. Se seu filho algum dia discordar de um professor ou treinador, sempre tome o partido do professor ou treinador;
6. As únicas atividades que seus filhos devem ter permissão de praticar são aquelas em que puderem ganhar uma medalha;
7. Essa medalha deve ser de ouro.
Trecho do livro O grito de guerra da Mãe-Tigre