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O que fazer

Falar sobre o que fazer na educação das crianças em teoria é fácil e, para quem não tem filhos, soa até simples. Porém, só quando o status de pais surge na vida das pessoas é que elas percebem o quanto suas crenças podem falhar

postado em 13/05/2011 12:13

A Revista ouviu três mães, cada uma contando, respectivamente, suas estratégias para conseguir fazer seus filhos comerem bem, estudarem mais e como vencer uma birra. Depois disso, cruzamos as informações com as do livro Filhos: Manual de Instruições, da escritora Tania Zagury, para mostrar, de diversas formas, quais são os melhores caminhos para que seu anjinho mantenha a auréola.

1. Na hora das refeições
No mundo ideal das crianças, café da manhã tem refrigerante, almoço é pizza e o jantar pode ser um delicioso sanduíche com muito catchup. No mundo das mães, é o oposto. Conciliar essas visões díspares não é nada fácil. A tática da administradora Ana Lúcia Rufino de Souza Maranho, 42, mãe de Thiago, de 1 ano, e Matheus, de 5, é simples: em cada refeição, um dos itens do cardápio tem de estar entre os preferidos dos pequenos. ;Procuro fazer o que eles adoram, mas sempre pondo no prato aqueles itens que eles não gostem muito, mas são saudáveis;, explica.

Por estudarem à tarde, o almoço sempre tem um horário fixo, o que estimula as crianças a saberem o momento certo de se alimentar. ;Eles também jantam na escola, em hora certa, então criaram o hábito.; Uma refeição tradicional dos rapazes inclui frango grelhado, legumes cozidos, salada ; ;Esse é o mais difícil de todos;, garante Ana Lúcia ;, arroz e feijão. ;Tenho sorte porque o prato preferido do Matheus é fígado com quiabo frito. Mas não digo que seja fácil fazer com que eles comam bem. Mas é divertido;, resume.

Tania Zagury garante que a estratégia de misturar um pouco do que os filhos gostam com algo que é mais saudável é boa e deve ser mantida. Para a especialista, Ana Lúcia também acerta ao insistir que os meninos comam salada, mas que essa tática deve ser mantida por muito tempo, já que esses itens demoram para se tornarem queridos. ;Continue, mas sem agredir ou permitir que o que eles comem ou deixam de comer seja motivo de chantagens ou barganhas;, completa. Um ponto que ela alerta em seu livro é: a casa não é restaurante e todos devem ter o mesmo cardápio. E, garante, quando as dificuldades surgirem, como em vários outros aspectos da educação infantil, o importante é ter pulso firme. E há algumas dicas:

- Aja como se não fizesse a menor diferença seu filho comer ou não (mesmo que seja difícil, mesmo que seja uma total inverdade);
- Nunca demonstre ansiedade com ;o pouco que seu filho come;. Especialmente, não comente o assunto quando ele estiver presente ou puder ouvir;
- Criança sadia que não come bem é a que tem pais que acham que ela não come bem e se desesperam quando ela diz ;Não quero comer;, alimentando assim um ciclo vicioso de ansiedade e luta de poder;
- Não confunda mãe dedicada com mãe insistente e ;entupidora;;
- Não faça da refeição uma obrigação ; lembre-se: come quem tem fome! (salvo exceções, como que sofre de problemas de saúde ou distúrbios alimentares).


2. Na hora dos estudos
Janaína com os filhos, Áureo, 6 anos, e Ton, 14: ela senta e estuda para dar o exemploNa casa da bióloga Janaína Farias, 38 anos, os filhos Ton, 16, Vitória, 14 e Áureo, 6, são estimulados a estudar sob a máxima do ;Faça o que faço, não o que digo;. A mãe explica que se vale do exemplo dela para mostrar os filhos a importância da escola. ;Sempre fui muito estudiosa e mostro, com o que conquisto, como é necessário ir bem nos estudos.; Claro, os conflitos acontecem e, por vezes, é preciso falar mais alto em vez de esperar apenas pela boa vontade.

Janaína diz que é nessas horas que sua técnica principal faz mais falta. A bióloga não acha certo ter que brigar com os filhos para conseguir fazê-los terminar a tarefa. Acha mais simples quando eles percebem, vendo-a sentada na mesa rodeada de livros, que aquela é a melhor ação. ;Daí, se nem o exemplo ou falar alto der certo, parto para uma decisão mais drástica: corto a internet. Sem ela, todos eles começam a estudar.;

A escritora Tania Zagury garante que, realmente, gritar e se exaltar não vai fazer filho algum querer se dar bem nas provas. Conseguir criar um ritmo de estudos é um processo que leva anos e os pais não devem esmorecer jamais. ;Seja firme, estabeleça horários e fiscalize a execução, mesmo que por telefone. Faça isso todos os dias.; Apesar da medida drástica de cortar a internet, Zagury explica que deixar os filhos livres para estudarem da forma como se sentem melhor estimula a independência e eleva a autoestima. ;Os pais devem ficar focados nos resultados: as notas estão boas na escola? Então o método que eles escolheram está adequado.;

Em sua obra, ela explica que existem crianças que nascem com sede de aprender. Outras, precisam de empurrõezinhos de vez em quando. E ainda aquelas que precisam de empurrões bem grandes a cada dia. Ou seja: o sonho de que seu filho nasça com aquele desejo gigantesco de passar horas na mesa debruçado na matemática é ilusório. E, mais que isso, não traduz mais ou menos inteligência. O importante é ficar atento e seguir algumas dicas:

- Prestigie as tarefas escolares: não faça observações nem opine na frente da criança se achar que o trabalho proposto foi pouco ou excessivo. Se tem críticas às tarefas, vá à escola. Seu filho não pode perder a confiança nos professores;
- Habitue seu filho a ter local e horário adequado para estudar: em frente à tevê, na cozinha com a empregada ouvindo rádio, etc., a criança levará o dobro de tempo para concluir qualquer trabalho. E o fará, sem dúvidas, com mais erros;
- Incentive: crie o hábito de ler diariamente o caderno ou a agenda da escola. Veja o que a escola determinou ; e confira se o seu filho cumpriu. Se ele fez tudo direitinho, não esqueça de elogiá-lo, beijá-lo e mostrar que está feliz com a atitude dele;
- Tenha paciência: aceite o ritmo de aprendizagem do seu filho. O importante é persistir até que a criança comece a ter o comportamento desejado.

3. Na hora da birra
Shopping lotado. De um lado, você com suas sacolas de compras, tentando pagar a conta rapidamente. Do outro, uma criança que parece ter entrado em choque. O desespero para conseguir algo que lhe foi negado é tanto que todos pensam: ;Cadê a mãe dessa criança que não faz nada?; Quem tem filhos conhece essa situação. Crianças nascem sabendo que chorar garante cuidados dos seus pais, principalmente na hora da fome. Muitas crescem usando o mesmo artifício para garantir bem mais que alimento.

A enfermeira Andreia Ferreira da Silva Stacciarini, 38 anos, também criou seu mecanismo para vencer qualquer chilique das filhas. Sempre a uma distância segura, em que ela possa ver tudo o que acontece com as meninas, deixa aquela que chora sozinha e espera até o momento em que a criança percebe o quanto aquele ato é desnecessário: mamãe não vai fazer as vontades. ;Tenho que tomar esse posicionamento firme, porque os filhos não podem dominar os pais e acho que elas aprendem melhor desse jeito.;

Ela acredita que isso é algo comum entre crianças pequenas e somente quando os pais não agem de forma rígida na tenra infância é que o problema continua entre os mais velhos. ;O importante é ser incisiva e mostrar que aquela atitude não é boa;, completa. De acordo com Tania Zagury, esta é a melhor forma de lidar com a birra. ;Com o tempo, a criança entende que berrar e espernear não resolvem nada. É preciso, porém, manter sempre o mesmo posicionamento;, explica. Quando isso não dá certo, Andreia senta a filha no colo e fala com ela para dar fim ao chilique. Zagury diz que isso não deve ser feito. ;Se a criança não para, a mãe se desmoraliza e perde as estribeiras. Bom mesmo é esperar até que o filho se cale.;
A escritora também frisa: é preciso vencer o medo de que a criança fique com raiva dos pais. Para por fim neles, algumas dicas:

- Afaste mesas, cadeiras e objetos próximos, com os quais seu filho possa se machucar;
- Fale em tom normal, calma e pausadamente, mas firme: ;Isso não é bonito, não está certo e não vai adiantar nada;;
- Faça isso apenas uma vez. Ele vai ouvir, mesmo que não pareça;
- Aja dessa forma na hora em que o chilique começa. Quando mais tempo a criança grita e esperneia, mais irritada e descontrolada ela fica;
- Fique impassível: apenas isso!

Fonte: Dicas foram adaptadas do livro Filhos: Manual de Instruções
Agradecimentos: Colégio La Salle, Colégio Militar Dom Pedro II

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