Para a parcela carnívora da sociedade, a ideia de viver sem carnes, derivados do leite, ovos e demais produtos de origem animal pode parecer perturbadora. Uma inimaginável vida sem um churrasco ou mesmo sem o bom e velho café com leite. Mas para um número cada vez maior de vegetarianos veganos, não só esses itens se tornaram carta fora do baralho, como também todo e qualquer alimento cozido. Conhecidos como crudíveros, eles são adeptos da alimentação totalmente crua e viva. No máximo, apelam para a culinária ;solarizada; (ou culinária do Sol), ou seja, desidratam certos alimentos em temperaturas máximas de 42;C (sob o Sol ou em uma desidratadora elétrica). Nem arroz, nem feijão, nem batata assada, pão, massas; A questão é que, se esses detalhes parecem sórdidos para alguns, para outros, eles são sinônimo de saúde, energia e qualidade de vida.
Um dos porta-vozes do movimento da culinária viva, o renomado chef panamenho Aris La Than, garante que a opção não é um sacrifício e, sim, uma forma de respeitar o próprio corpo. ;O ser humano não é carnívoro nem mesmo herbívoro. Somos frutívoros. E, por isso, só alcançamos um funcionamento pleno do corpo quando nos alimentamos corretamente;, explicou, em entrevista à coluna. A corrente acredita que o fogo na preparação de alimentos é um dos responsáveis pela crescente degradação da saúde da população mundial.
Para Aris, crudívero há 35 anos, o cozimento do alimento deve ocorrer naturalmente, uma vez que, do momento que brota ao momento em que é colhido, os vegetais são expostos diariamente ao calor do Sol. Esse amadurecimento natural traz o ponto perfeito para o consumo. ;Não destruímos a obra do Sol. Ao cozinharmos um alimento em altas temperaturas, matamos ele. Destruímos as enzimas necessárias para a digestão;, justifica. Os estragos, na verdade, são ainda maiores. Em uma temperatura superior a 48;C, além das enzimas, as proteínas, as fibras e as vitaminas também são seriamente corrompidas. Tudo isso resulta em uma digestão pesada, que rouba energia do corpo. ;Os alimentos que demoram para ser digeridos acabam fermentando em nosso corpo e viram toxinas, que, uma hora ou outra, se tornam enfermidades. Daí surgem doenças como o câncer e a diabetes, que são resultado desse acúmulo de substâncias que não deveriam estar ali;, aponta Aris La Than.
Até as verduras entram no pente-fino do chef. Como não são facilmente absorvidas pelo corpo, a solução é consumi-las na forma de sucos verdes, batidos no liquidificador. ;A absorção das vitaminas é muito mais eficiente assim;, explica Aris. Tantas restrições, ele sabe, não são fáceis de serem seguidas à risca. ;Se as pessoas se esforçassem para que pelo menos 20% de sua alimentação fosse de alimentos vivos (crus), seria um grande progresso;, afirma. No Brasil, o crudíveros ainda são minoria. Em Brasília, o próprio Aris conhece poucos. Mas em suas andanças pelo mundo, nos diversos congressos para os quais é convidado, percebe uma adesão cada vez maior. ;A Meca dos crudíveros é Los Angeles. Existem 150 restaurantes de comida viva lá. Esse sucesso vem da preocupação com o envelhecimento, com a beleza. A Demi Moore, por exemplo, só come comida viva há décadas.; Precisa de mais argumentos?
Torta salgada
Ingredientes
600g de castanha-do-pará
400g de semente de girassol
400g de trigo
Modo de preparar
Passe primeiro o trigo no liquidificador, depois acrescente, aos poucos, os demais ingredientes.
Molde em forminhas de fundo falso e as desidrate em uma temperatura máxima de 42;C, ou sob o sol, por 8 horas.
Tempo de preparo da massa: 20 minutos
Tempo para desidratar: 8 horas
Rendimento: 25 tortinhas
Hambúrguer de amêndoa
Ingredientes
230g de amêndoas
300g de castanha-do-pará
100g de cenoura
50g de cebola
8g de alho
50g de damasco
4g de gengibre
100g de azeitona preta
70g de aipo
4g de tomilho
60g de pimentão vermelho
Modo de preparar
Passe todos os ingredientes no processador, molde bolinhas de 70g e desidratate sob o sol por 8 horas.
Tempo de preparo da massa: 20 minutos
Tempo para desidratar: 8 horas
Rendimento: 13 porções