O quarto de uma menina é o primeiro espaço onde ela descobre e exerce a individualidade. Vale colorir parede, colar pôster, jogar pelúcia na cama, escolher a colcha e até arrumar prateleiras e armários como bem entender. Ok. Há limites apontados pelos pais. Mas o quarto dela deve traduzir personalidade, sonhos e paixões próprias. Essa foi a conclusão da fotógrafa libanesa Rania Mattar no ensaio A girl in her room (A garota no seu quarto, em português). A Revista também conversou com quatro meninas, entre 8 e 13 anos, para saber ; e registrar; como decoraram aquele cantinho da casa que pertence a elas.
Quartos fotografados
Mãe de uma adolescente, Rania Matar observou o crescimento e a mudança das aspirações da filha pela ótica do quarto dela. Foi assim que começou a registrar o quarto da primogênita e de outras amigas dela nos Estados Unidos. A fotógrafa ainda incluiu quartos de garotas do México, Haiti e Oriente Médio. Esse último, cenário onde Rania já havia realizado outros trabalhos. Em depoimento em seu site (www.raniamatar.com), ela destaca o fascínio pelas semelhanças entre os quartos de meninas de culturas tão distintas.
Quase lá
Estudiosa, curiosa e vaidosa. Três adjetivos que descrevem a estudante Marina de Araújo M. Souza, 8 anos. Ela ainda deixa aos cuidados da mãe a decoração do quarto. Mas quem disse que não faz cara feia quando não gosta de algo? Foi ela quem não arredou o pé para ter uma televisão e um computador na escrivaninha. Também organizou brinquedos, livros, revistas e acessórios que se espalham pelo quarto. ;Ainda vou ter um quarto todo roxo;, promete. Enquanto isso, Paula mata a vontade de ousar cores nas almofadas e travesseiros da cama. Mesmo que a mãe dê pitacos, esse espaço é só dela.
Um para dois
A ideia é aprender a compartilhar. Essa lição Júlia e Paula Reis da Motta, 11 e 8 anos, respectivamente, aprenderam direitinho. Duas camas, dois computadores, armários, prateleiras individuais e o que mais fosse necessário para que as meninas mantivessem a individualidade sem abrir mão do aprendizado que vem do compartilhar um mesmo espaço. Júlia gosta de um cantinho em cima da escrivaninha onde guarda livros e revistas. Nas portas da prateleira, fotos de ídolos. Paula, mais nova, gosta de colecionar brinquedinhos e bibelôs. Alguns são presentes que a mãe traz de viagens, outros, ela ganha de amigos. Júlia, como irmã mais velha, confessa querer experimentar a independência e partir para outro cômodo da casa. Mas enquanto a convivência entre as duas estiver em harmonia, as irmãs se adaptam à diferença de gostos e de estilos.
Cheia de atitude
Os móveis que vieram da mudança para o novo apartamento de Alice Cândido Ribeiro Soares, 10 anos, eram nas cores branca e rosa. O quarto da menina correspondia ao gosto que apresentava na época. Mas a estudante deu um jeitinho de transformar o quarto novo em outro cantinho. Prateleira roxa para colocar CDs e bibelôs, cabideiro da mesma cor para que as bolsas saíssem do armário, e parede com cartazes do ídolo Justin Bibier tomaram conta do quarto ;branquinho demais;. ;Aqui, eu escolho;, diz, orgulhosa.
Moda na parede
Bastaram duas horas e meia durante uma madrugada para que a estudante Júlia Espíndola, 13 anos, recortasse e colasse propagandas e capas da Vogue, Elle, L;Officiel e RG Magazine no quarto. Tudo para dar vida e personalidade ao quarto, espaço sagrado e reservado da jovem. Bye bye para o rosa-choque que coloria as paredes. Também foi Júlia quem escolheu a cadeira de design, a prateleira em cubos brancos e os acessórios que enfeitam o criado-mudo. Duas luminárias ainda fazem conjunto com um pinguim branco de abajur. ;Agora espero que minha mãe cumpra a promessa e me ajude a passar verniz na parede onde colei as capas de revistas. Até porque falta um acabamento. Mas outras mudanças devem surgir;, promete.