Quem vê Janaína Neves, 32 anos, fazendo musculação nem imagina que ela tem síncope vasovagal (SVV). A enfermidade é caracterizada pela perda de consciência, desmaio, e faz parte de um conjunto de sinais e sintomas denominados síndrome. Entre elas estão as tonteiras, a sensação de pré-desmaio, o mal-estar e o enjoo ao permanecer em pé ou sentado por períodos prolongados. A contadora foi a um neurologista, em setembro do ano passado, em busca de solução para uma enxaqueca persistente. O médico desconfiou que pudesse ter algo a ver com a SVV e passou alguns testes. Com o resultado, estava confirmada a dúvida. Janaína foi encaminhada a um cardiologista. Essa é a versão resumida da história. Na verdade, ela procurou diversos médicos e nenhum conseguiu chegar a um diagnóstico. ;O pior é a desinformação;, lamenta.
Preocupada inicialmente com a enxaqueca, Janaína deixou para tratar a síncope há apenas um mês. Com orientação de sua cardiologista, procurou treino físico especial. Além da rotina de exercícios, ela toma alguns cuidados, como não levantar da cama de uma vez ao acordar e usar meia-calça de compressão para ajudar a circulação. A contadora alimenta-se de frutas, por causa da glicose, come muita verdura e folhas e aumentou o sal e os líquidos, como água de coco, na dieta.
Para quem está na mesma situação de Janaína, treinos físicos monitorados são a melhor opção. A cardiologista Neila Anders indica exercícios de resistência ; aqueles realizados com pesos, como a musculação. Nas pernas, esse treinamento melhora o tônus muscular, fato que favorece o retorno do sangue para o coração, em períodos que a pessoa fica muito tempo parada, seja em pé ou sentada. ;O exercício aeróbico também é importante, desde que seguido de recuperação mais prolongada, evitando parar a atividade abruptamente.;
Cristina Calegaro, educadora física e especialista em reabilitação e atividade física para grupos especiais, recomenda, além dos exercícios resistidos, o treinamento postural passivo ou tilt training. Ele consiste em ficar de pé apoiando as costas contra a parede e colocando os calcanhares a uma distância de 20cm dela, deixando o corpo inclinado e sem mover as pernas durante um período de 45 minutos ou até que ocorram sintomas graves ou a própria síncope.
O tilt training tem, de acordo com Cristina, demonstrado eficácia no controle das recorrências de desmaios, e pode ser aplicado sozinho ou acompanhado de outras modalidades de exercícios. Aquecimento, exercícios aeróbicos, musculação com resistência muscular ; com ênfase nos membros inferiores ; são parte da rotina indicada por Cristina.
A cardiologista Neila Anders explica que a doença é caracterizada pelo súbito declínio na pressão arterial e na frequência cardíaca. ;Tal fato decorre da falha nos mecanismos cardiocirculatórios mantenedores da pressão arterial e da perfusão cerebral.; O personal Victor Reys aponta como benefícios do treino especial o condicionamento e adaptação do coração à essa diferença de circulação sanguínea em quem tem SVV.
Durante o treinamento, Victor recomenda trabalhar o corpo como um todo, evitando exercícios muito intensos. A prática realizada com atividades em posição sentada ou deitada também são indicados. ;A ingestão de muita água é um auxiliar indispensável.; Além de melhorar a saúde, o treino possibilita o ganho de massa muscular magra, aquela isenta de gordura, que ajuda na manutenção do fluxo sanguíneo.
Janaína depois de começar o treinamento, consegue notar as melhoras na sua saúde. ;As dores no tórax e nas costas que sentia por causa da síncope estão mais fracas, mais espassadas e não tenho mais desmaios;, comemora.
Agradecimentos: Vital Recor ; Saúde e Reabilitação e Cia Athlética